terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Meia bomba

Muito tempo sem postar nada por aqui. Estosu num ostracismo criativo, numa crise comigo mesmo que não ando escrevendo nada. Nem cartas de amor. Nem bilhetes. Fiquei um tempo preocupado em escrever a dissertação de mestrado, que acabou, graças a Deus. E agora estou assim, meio brocha para a escrita. Vamos retonar aos poucos. Algumas idéias estão chegando, mas vamos ver. Prometo escrever. Aliás, não prometo nada!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Orçamento dos Sonhos

Acho que ainda dá tempo: Orçamento de um milhão e duzentos mil vai dar para fazer uma revolução na Casa de Cultura em Monlevade. Que chovam projetos e propostas de fomento cultural.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Johnny Cash


Estou ouvindo um cd bom demais do Johnny Cash. O nome é "The Legend of Jhonny Cash" e reúne os maiores sucessos do cantor e compositor norte americano. Cash iniciou sua carreira nos anos 50 e, na década seguinte, firmou-se como um dos grandes nomes do gênero Rock/Folk. Ele morreu em 2003 e gravou mais de 30 discos, que influenciaram cantores como Bob Dylan, Neil Young, Simon and Garfunkel, Bob Marley, entre outras lendas. A vida de Cash ganhou as telonas com o longa Johnny e June (2005), filme bastante elogiado e que revela a trajetória do cantor, sobretudo os anos que passou ao lado da cantora June Carter, sua segunda esposa. O CD é ótimo. O filme também.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Um salve para os Racionais

Recebi um Cd dos Racionais MC's e depois de muito tempo voltei a ouvir o grupo de rap paulistano. Apesar do posicionamento radical - sobretudo um preconceito absurdo com relação a brancos e ricos -gosto muito do som deles. A realidade dura da vida que eles conhecem de perto está explicitada em canções como Formula Mágica da Paz, Negro Drama, Vida Loka (I e II). Isso sem falar no olhar a atento para o sistema prisional brasileiro: Diário de um Detento e Eu sou 157...
Vale a pena ouvir os Racionais, desde que não se tenha o estômago fraco. As letras imensas e a quase falta de refrões tornam o rap feito por eles bastante envolvente. O som é pesado e as rimas são repletas de gírias: é a música das ruas. Não das ruas comuns, mas da periferia, da zona Sul de São Paulo, onde a pobreza convive com a morte e, segundo eles, onde preto e dinheiro não combinam. Como disse, não se pode concordar com tudo o que eles dizem. Mas vale a constatação de que "a vida não é Malhação e nem novela", como canta Mano Brown, vocalista e líder dos Racionais.
Salve!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Diante dos últimos acontecimentos, faço minhas as palvras dos Titãs


O movimento começou, o lixo fede nas calçadas. Todo mundo circulando, as avenidas congestionadas. O dia terminou, a violência continua. Todo mundo provocando todo mundo nas ruas. A violência está em todo lugar. Não é por causa do álcool, Nem é por causa das drogas. A violência é nossa vizinha, Não é só por culpa sua, Nem é só por culpa minha. Violência gera violência. Violência doméstica, violência cotidiana, São gemidos de dor, todo mundo se engana... Você não tem o que fazer, saia pra rua, Pra quebrar minha cabeça ou pra que quebrem a sua. Violência gera violência. Com os amigos que tenho não preciso inimigos. Aí fora ninguém fala comigo. Será que tudo está podre, será que todos estão vazios? Não existe razão, nem existem motivos. Não adianta suplicar porque ninguém responde, Não adianta implorar, todo mundo se esconde. É difícil acreditar que somos nós os culpados, É mais fácil culpar deus ou então o diabo.


(Letra de Violência, do disco Jesus não tem dentes no país dos banguelas)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Algumas do Roberto

Por causa dos cinquenta anos de carreira do Rei, seguem algumas de minhas canções prediletas. É uma lista extremamente pessoal e que não seguiu nenhum critério, a não ser o de preferências, afinidades, etc!

1) As Canções que você fez pra mim

2) Fé

3) Se diverte e já não pensa em mim

4) As curvas da Estrada de Santos

5) O Portão

6) Todos estão surdos

7) Detalhes

8) Emoções (Por causa dos versos finais)

9) De coração para coração

10) A Janela

11) Fera Ferida

12) É preciso saber viver

13) Abandono

14) Amante à moda Antiga

15) Eu e ela

16) Amiga

17) Não adianta nada

18) O caminhoneiro (é brega, mas o rassobio e o refrão são massa demais)

19) Eu preciso de você

20) Tudo pára

A espera

Esperando na janela
Esperando o trem
Esperando neném
Esperando dias melhores
Esperando a morte chegar
Esperando o resultado
Esperando a cirurgia
Esperando...
Esperando pelo sol
Esperando as férias chegarem
Esperando o ano novo
Esperando
A espera de Godot
Esperando o carnaval chegar
Esperando na sala do ambulatório
Esperando a chuva passar
Esperando a música acabar
Esperando a hora passar
Esperando a planta crescer
Esperando a lua nascer
Esperando o filme começar
Esperando a pipoca estourar
Esperando a viagem terminar
Esperando o telefonema
Esperando
Esperando o jogo
Esperando a festa
Esperando o show continuar
Esperando o fim da novela
Esperando por
Esperando o
Esperando a
Esperando
Esperando
Esperando

Esperando

A angústia de esperar
a espera...
toda dor é uma forma de espera

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Para variar, outra lista: Melhores pratos da comida mineira

1) Frango ao molho pardo

2) Costelinha com Ora-pro-nobis e angu

3) Pé-de-Porco (Joelho de porco, dá na mesma)

4) Toucinho de barriga, couve e angu

5)Bucho (Dobradinha soa melhor)

6)Farofa de jiló e frango à passarinho (hummm)

7) Arroz com pimenta

8) Tropeiro (o original: feijão, farinha, lombo, costelinha, linguiça, couve e ovo)

9) Tutu, arroz e couve

10) E no final, doce de leite com queijo

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Melhores ao vivo

Atendendo à sugestões do bróder Marco Martinio, segue uma lista com alguns do melhores albuns ao vivo. Lá vai:

1) Deep Purple - Made in Japan

2) Nirvana - Unplugged

3) Led Zeppelin - Live at BBC

4) Eric Clapton - Just one Night

5) Maria Bethânia - Imitação da Vida

6) Pink Floyd - Pulse

7) Rolling Stones - Shine a Light

8) Tom Jobim - Em Minas Ao Vivo Piano e Voz

09) Acdc - Live

10) Barão Vermelho - Vermelho Vivo (esse eu já citei, mas é mesmo bom demais!)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Uma listinha...

Discos:

1) Back in Black - ACDC

2) Aqualang - Jethro Tull

3) Led Zeppelin III - Led Zeppelin

4) Vermelho Vivo - Barão Vermelho

5) Revolver - Beatles

6) Let it Bleed - Rolling Stones

7) Cabeça Dinossauro - Titãs

8) Fly by Night - Rush

9) Roots - Sepultura

10) Chega de Saudade - João Gilberto

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Listas

As listas estão emn alta. O Jornal A Notícia "lista" através de pesquisa popular, os 100 melhores escolhidos entre os segmentos comerciais de Monlevade. Agora fico sabendo que o amigo Marcelo Melo deve fazer, com o Morro do Geo, os 100 piores... Idéia também interessante. Resta saber se vbai rolar mesmo a publicação! Fica uma sugestão também: Que tal listar os vereadores mais medíocres? Os assessores mais baba ovo? As manchetes de jornais mais sem-vergonha?

Ao Amigo Martino

O amigo Martino comentou que dez livros é pouco... E sugeriu o acréscimo de dois livros também muito bacanas: 1984, de George Orwell e Crime e Castigo, de Dostoiévski. Mas como a onda de "os dez mais isso" e "os dez mais aquilo" toma conta do mercado. Aliás, já escrevi em outra ocasião uma crônica sobre a nossa mania de listas, de tentar classificar aquilo que mais gostamos. Haja visto o mercado editorial, que ana lucrando bem com isso. Basta uma olhadinha nas estantes de livrarias para encontrar títulos como: "1000 lugares para se conhecer antes de morrer"; "1000 vinhos para degustar"; isso, sem falar nos almanaques, que nada maissão do que uma coletânea de listas: Almanaque anos 70, anos 80 e 90, Almanaque Rede Globo...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Livros fundamentais

1) Cem Anos de Solidão, Gabriel G. Marques
2) A Metamorfose, Kafka
3) Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
4)O Encontro Marcado, Fernando Sabino
5) Grande Sertão: Veredas, G. Rosa
6)Os Sertões, Euclides da Cunha
7) Magia, Técnica, Arte e Política: Obras Escolhidas I , Walter Benjamin
8) O Cheiro de Deus, Roberto Drummond
9) A Morte e a Morte de Quincas Berro D' água, Jorge Amado
10) O Amor Natural, Carlos Drummnd de Andrade

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

E daí!

Vejo na Folha de hoje que autopsia revela que Michael jackson era saudável: E daí? Já morreu mesmo!
Outra. O Rio ganhou como cidade sede das Olimpíadas 2016. bom. Mas, e daí? Bom para o Rio e suas gangues. E o Pelé chorando? O que o Pelé já fez pelo Brasil, além dos gols? Nunca defendeu os negros. Nunca defendeu uma reforma na educação pública. Aliás, ele cantou aquela música ridícula: ABC, ABC, toda criança tem que ler e aprender!!! E daí se o Pelé chorou?
Existem inúmeras situações que nos levam a pensar E o kiko? E daí? E daí? E daí? E daí?
É uma série de afirmaões e de acontecimentos que nos deixam cheios de informação e vazios de tudo. Amanhã, que não é tão distante, nem nos lembramos desses detalhes. Então, mais uma vez, e daí?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Prêmio Arcellor de Meio Ambiente

Hoje, 01/10 foi um dia muito especial. Participei da comissão julgadora que analisou a categoria redação,do Prêmio Belgo Arcellor de Meio Ambiente 2009. Registro o prazer de analisar os trabalhos junto a competentes profissionais da nossa cidade: Os professores Dadinho, Cenachi, Imaculada e a jornalista Débora Guimarães. Ressalto também a equipe do Centro de Cultura e Memória da Arcellor, sobretudo à Geisa, pelo apoio, gentileza e simpatia. Aos colegas de comissão, um abraço e até a próxima!!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Todo mundo quer amor

Todo mundo quer amor. Todo mundo quer amor de verdade! Ele quer, ela quer. Quer amor de verdade!!

Verso poderoso da canção de abertura do disco "Jesus não tem dentes no país dos banguelas" (1987) dos Titãs. Arnaldo Antunes berra a canção durante pouco mais de um minuto e reforça a necessidade de amor. Amor de verdade.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Do Baleiro

Sexo também é bom negócio, o melhor da vida é isso e ócio!!!

Alguém tem dúvida?

AC/DC

Estou ouvindo de novo os clássicos do rock... E posso dizer que Back in Black do AC/DC é uma das melhores coisas já inventadas no quesito rock in roll!

Roberto e Helena

Leio na coluna a Monica Bergamo que Roberto Carlos cedeu uma música inédita para a trama das oito, Viver a Vida, de Manoel Carlos que estreou ontem. Ainda nao ouvi a música... Manoel Carlos escreve muito bem, eu acho. Só não gosto muitos daqueles cenários imensos, casas luxuosíssimas, todo mundo rico e bonito!!! Viver a vida assim é muito fácil!

Music and Me


Fiquei surpreso com o´álbum Music anda Me, do então garotinho Michael Jackson... Lançado em 73, quando o futuro rei do pop tinha apenas 13 anos, o album tem uma mistura de ducilidade em letras bem elaboradas, melodias suaves e um vocal que prometia demais. E prometeu. Destaque para a faixa que nomeia o disco, Music and Me, Up Again, All the Things you are, entre outras.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Memória Pop


Estou terminando minha dissertação de mestrado! Ufa! Foram dois anos de pesquisas, aulas e escritos diversos sobre memória, identidade, pós-modernidade e crítica da cultura. Estudo a obra literária O Cheiro de Deus, do grande Roberto Drumond (foto ao lado).
O romance publicado em 2001 conta a história ficcional dos Drummond no Brasil. Além disso, o narrador vale-se das memórias de uma personagem para contar acontecimentos e fatos da política, da cultura e da história de BH, de Minas e do Brasil. O tema do meu trabalho é "Memória Pop" - Uma leitura de o Cheiro de Deus, de Roberto Drummond. Tento mostrar como o autor articula memória, história e ficção para desenvolver a trama do romance. Nesse sentido, ele abusa de elementos da cultura pop e do pós-moderno para lançar um olhar crítico para as décadas de 40, 50 e 60.
Sob orientação da querida Professora Doutora Magda Velloso Fernandes de Tolentino, defendo o trabalho e outubro, se Deus quiser!
Em tempo: Conheci o romance O Cheiro de Deus em 2001 através do amigo e jornalista Márcio Passos. Nessa época, era foca do A Notícia e sonhava com as letras... Isso há oito anos! Tempo suficiente para encher o meu lago da memória! Mas isso é asssunto para outra ocasião!!!!

O ser Atleticano - Crônica do saudoso Roberto Drummond sobre o Galo, é claro!!!


Ah, o que é ser atleticano? É uma doença? Doidivana paixão? Bênção dos céus? É a sorte grande?
O primeiro e único mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo.
Daí, que a bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo.
Cheira a mulher amada.
Cheira a lágrimas.
Cheira a grito de gol.
Cheira a dor.
Cheira a festa e a alegria.
Cheira até mesmo perfume francês.
Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, tremula ao vento.
A gente muda de tudo na vida. Muda de cidade. Muda de roupa. Muda de partido político. Muda de costumes. Até de amor a gente muda.
A gente só não muda de time, quando tem as iniciais CAM, do Clube Atlético Mineiro, gravadas no coração.
É um amor cego e tem a cegueira da paixão.
Já vi o atleticano agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados.
Já vi atleticano rasgar a carteira de sócio do clube e jurar:
- Nunca mais torço pelo Galo!
Já vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, eu o vi catar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazer com o retrato da amada.
Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente?
Que a gente associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, tio, prima)?
Que a gente o confunde com a alegria que vem da mulher amada?
Que mistério tem o Atlético que a gente confunde com uma religião?
Que a gente sente vontade de rezar “Ave Atlético, cheio de graça?”
Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa branca e preta, um milagre se opera?
Que tudo se transfigura num mar branco e preto?
Ser atleticano é um querer bem. É uma ideologia. Não me perguntem se eu sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano e, nesse amor, pertenço ao maior partido político que existe: o Partido do Clube Atlético Mineiro, o PCAM, onde cabem homens, mulheres, jovens, crianças.Diante do Atlético todos são iguais: o bancário pode tanto quanto o banqueiro, o operário vale tanto quanto o industrial. Toda manhã, quando acordo, eu oro: obrigado, Senhor, por me ter dado a sorte de torcer pelo Atlético.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A tara do poeta


Outro dia li um resumo de uma dissertação de mestrado sobre Carlos Drummond de Andrade, a respeito de o Amor Natural, obra póstuma do poeta itabirano e que traz poemas eróticamente explícitos. Lembrei-me que li essa obra em meados de 2000 e me impressionou muitíssimo o fato de Drummond, aquele velhinho de óculos com cara de avô, ter escrito algo tão violentamente poético, como a descrição do sexo oral. Esse é um dos poemas que mai gosto, pelas aliterações e pelo ritmo.

A língua lambe

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão,
e vai tecendolépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos
e rugidosde leões na floresta, enfurecidos.


Drummond é demais.... Além de revolucionar a poesia do modernismo com seu caráter existencialista, além de escrever versos sobre a humanidade, sua dor, sua vida de cão no mundo, além de reproduzir a paixão por palavras, por mostrar a beleza do óbvio, além de ser o poeta maior, ele era amante, revelando-se um elegantíssimo tarado.

Trecho de um conto que estou escrevendo...

Resto de mim
A mulher que está diante do tanque lavando roupas, é Joana. Ela não tem sobrenome apesar de ser casada e mãe. É apenas Joana, tão somente. Ela tem trinta e poucos anos e é de uma beleza quase rude. Tem cabelos louros, nem curtos, nem longos, mal tratados pela árdua tarefa diária de cuidar do lar; os lábios delicados de mulher rasgam sua face, tem o ventre cansado de cinco filhos. Não sei se o encanto de Joana parte de seus olhos cor de ardósia, ou se da provocante feminilidade que dela exalava, mesmo sob as roupas rotas de tecido ordinário e de seu perfume de alho e sabão.
É quase comovente observar Joana trabalhando. Suas mãos tratam bem as peças de roupa, cuidando delas com o primor de noiva ao seu vestido. Esfrega as camisas do marido, retirando as impurezas com o opaco sabão de barra, grosso, sem espuma ou cheiro e da frieza dura da água armazenada na tina de madeira.
E Joana canta. Canta um samba do tempo em que não tinha pecado. Sim, Joana um pecado. Um pecado que entediava sua vida, que a tornava diferente das mulheres que o marido arranjava na rua. Um pecado que pesava a solidão de todas as suas noites: Joana amava mais os outros do que amava a si mesma. Daí a falta de cor em sua vida. Daí o sofrimento particular e sem medida. Daí, a sua vontade de não ser Joana e ser a moça loura do cinema que ela viu uma vez, que dançava sensual para o homem que queria conquistar. Mas Joana não tinha coragem. E por isso se entregava ao cuidado da casa, com a mesma paixão dos que se entregam ao corpo alheio, em lençóis de amor em noites frias.
E Joana costurava as calças dos filhos, cozinhava os pratos que os três devoravam sem sabor e apagava as marcas carmins de batom que encontrava nos colarinhos do marido. Quanto mais exercia sua função de simplesmente ser dona, quanto mais era mãe, quanto mais não cuidava de si e ia cansando sua beleza loura, mais desejava ser a moça do cinema. A moça que levantava a saia enquanto dançava e mostrava as pernas na fenda de sensualidade do seu vestido vermelho. E por isso, como que para se punir do que sentia, mais trabalhava e se esquecia de que também era mulher.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Voltei

Depois de um looooooooooooooooooooooongo período de ausência, voltei a postar! Prometo que vou manter o blog sempre atualizado. Aliás, pensando bem, não prometo nada!!!

Nas terras pesadas

O romance Nas Terras Pesadas de Metais e Espantops, que narra a trajetória do francês Jean Monlevad, pioneiro e desbravador destas nossas terras vai sair... O idealizador do projeto, jornalista e amigo Márcio Passos está na labuta para isso. E estamos juntos nessa empreitada para que tudo dê certo! E vai dar!

Quero casar

Tô querendo casar, mas preciso de emprego. Termino o mestrado em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela UFSJ em outubro... Qualquer coisa, entrem em contato: feliciobraz@yahoo.com.br

Aline Calixto

Uma cantora maravilhosa e que ainda vai estourar com certeza é Aline Calixto. A moça canta samba de raiz e é uma das grandes revelações musicais dos últimos tempos. Tive o prazer de ouvi-la cantando algumas vezes no Bar do Leão em Viçosa, época em que cantava no BebadoSamba e, depois, nos palcos da Saideira do Comida de Buiteco em BH. Numa dessas, ela estava ao lado de Luis Melodia, Elton Medeiros e de Moacyr Luz, grandes feras do samba nacional. Confiram o talento de Aline no www.alinecalixto.com.br.

Max Sette

Além de marido da gatíssima Helena Ranaldi, o cantor e compositor Max Sette é um dos maiores músicos do Brasil na atualidade. O cara toca trumpete, canta com uma voz melancólica e, ao mesmo tempo, cômica e tem um jeito especial de cantar samba que eu nunca vi igual. Fora isso, o cara ainda disponibiliza em seu site os seus dois discos: Parábolas ao Vento e O que se passou. Recomendo demais. Confiram no www.maxsette.com.br

terça-feira, 28 de julho de 2009

Cinema

O cinema em Monlevade, que funciona no anfiteatro Antônio Gonçalves (Centro Edcucacional), voltou a exibir filmes há um bom tempo. Mas a divulgação dos horários assim como a dos filmes em cartaz é muito tímida. Tem muita gente que nem sabe da existência de uma sala de exibições na cidade. Seria interessante se os responsáveis divulgassem nos jornais e nas rádios a programação da semana... Depois, não digam que por falta de público, os projetores foram desligados.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Voltei...

Depois de dias de ausência voltei ao blog. Desculpe! Vou tentar atualizar sempre que possível!

Vanessa da Mata

Assisti ao show da Vanesa da Mata em São João Del-Rei durante o Festival de Inverno! Maravilhoso!!! Alô, Luciano Roza! Vale a pena trazê-la aqui!!!!

Linha Azul

Eu sempre preferi passar por caminhos alternativos em Monlevade a enfrentar o caótico trânsito do centro. Um dos que mais trafego é quando vou da Vila Tanque para o bairro de Lourdes. Entro à esquerda, ao lado da CDL, atravesso a Getúlio Vargas, viro à direita ao lado da Casa Gonçalves. Aí é só subir a rua até a Virgílio Lima, onde sigo até próximo ao "canal" - aquele que passa ao lado da Padaria Alvorada - e sigo sentido à rua Vitória, já no Lourdes. Parece difícil explicando aqui, mas economizo tempo e chateações ao longo da avenida! Vale experimentar!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ouro Preto

Ouro Preto fica ainda mais bonita e apaixonante no inverno. Apesar do frio, do vento e da neblina baixa, ofuscando as torres das igrejas, a cidade ganha um tom berm mais poético do que o habitual. Além disso, o festival de inverno agita a cidade e dá mas vida às ruelas, becos e ladeiras da terra da inconfidência mineira.

Justa e certa homenagem

O Clube da Esquina é o grande homenageado da edição do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, organizado pela Ufop, neste ano. No próximo sábado, dia 11, o show principal fica por conta do espetacular Milton Nascimento, que sem dúvida é um dos maiores nomes da música mundial. Além disso, Milton foi um dos precursores do movimento Clube da Esquina que nasceu no bairro Santa Teresa, em Belo Horizonte, em meados dos anos 60. Junto a Wagner Tiso, Beto Guedes, Fernando Brant, Lô, Márcio e outros Borges, o cantor e compositor Bituca ganharia o mundo com os acordes e letras que retratam tão bem as Minas Gerais, suas esquinas, seu chão, seu povo. Mais detalhes sobre o festival de inverno da UFOP, assim como a programação dos shows no site www.festivaldeinverno.ufop.br. Imperdível!!!!

Precisa dizer mais?

Fora Sarney! Fora Sarney!

Fora Sarney! Fora Sarney!

Fora Sarney! Fora Sarney!

Fora Sarney! Fora Sarney!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Palpites sobre a 381

Vou palpitar também:

Acho que colocar cruzes e caixões ao longo da BR 381 para tentar uma mobilização em torno das obras de duplicação ainda é muito pouco.

Não quero ser contra o projeto do DNIT, mas alguém já se informou sobre o projeto da ANTT? Afinal, nem tudo que vem do governo, como o PAC, é coisa boa...

Fiquei sabendo que a Régis Bitencourt teve cobrança de pedágios antes da duplicação e o número de acidentes diminuiu. Motivo? Assim que o pontos de pedágio foram instalados, houve melhoria significante do asfalto, da sinalização, limpeza de canaletas. Foi também disponibilizado um carro reboque, além de uma UTI móvel para ficar à disposição da rodovia. Não seria o caso de buscar mais informações a respeito?

terça-feira, 30 de junho de 2009

Cenas Matinais

I
A senhora acordou naquela manhã com uma sede danada de ver todas as belezas desse mundo. Abriu a janela e descobriu um céu azul, com um sol morno e ouviu, ao longe, o latido dos cães do vizinho. Sentiu na boca um gosto de renovação de tudo e respirou o ar fresco de abril. As flores do parapeito da janela lançavam ao ar cores ornamentais, como se tivessem desabrochado para saldar aquela manhã sem nenhum espanto.
A senhora deixou o quarto e, a caminho da cozinha, pensou que o mundo tem um sabor especial quando se quer senti-lo. Pensou que, naquela manhã, nada mais havia de importante do que aquilo que a vida lhe pintava.
Tomou o café preto e forte com pão e manteiga como se fosse uma refeição especial. A mais especial de todas. Estava feliz, como se nada mais lhe bastasse naquele momento. Por isso, celebrou aquela descoberta: de que para tudo ser especial, nada é mais necessário do que mudar a forma de ser e de agir, além de enxergar as coisas com os olhos do coração.

II
Enquanto esperava o ônibus chegar, às 8h15 de sábado, ele acendeu um cigarro para matar o tempo e pensou naquela que iria encontrar, um pouco mais tarde, assim que vencesse a barreira dos 110km que os separava. Iria para Belo Horizonte passar o fim de semana com a noiva. Antes de atravessar o gradil e de ir em direção ao ponto de embarque, lembrou dela, com o vestido alaranjado que tanto o agradava e sorriu. Aquela lembrança o deixou mais feliz ainda. Então, teve a certeza de que tudo o que mais queria na vida, era desfrutar manhãs como aquela e viver para amar aquela que escolhera para sempre ser sua namorada.

III
Não queria acordar quando o despertador tocou e a tirou de um sono de dez horas seguidas. Na verdade, até despertou de leve, mas recusou-se a levantar-se, tentando não perder o fio da meada do sonho que estava tendo. Espreguiçou-se, enquanto o alarme, insistentemente, não parava de tocar.
O remédio era mesmo levantar e tomar conta da vida. Apesar de não ter de trabalhar tão cedo, esqueceu-se de desligar o aparelho. Então, como já tinha levantado mesmo, pensou que seria bom fazer uma caminhada com a cadela Bethânia. Calçou os tênis, prendeu o animal na guia e saiu para a praça principal do bairro, sentindo no rosto o vento meio frio das 6h30. Sentiu também que o dia todo seria diferente. E iria pagar para ver.

IV
Foi numa manhã de abril como a de hoje, que ela o viu partir sem dizer-lhe adeus. Estava em casa, lavando umas vasilhas para a mãe. Faltava uma semana para o casamento e ela o viu passar na rua, devagar. Ele parou o carro porque sabia que ela viria. Dito e feito. Ela surgiu radiante, querendo um abraço apertado e um beijo.

Mas ele não desceu do carro. Ficou ali, com um olhar distante, como quem quer dizer algo e não diz. Ela perguntou o que havia e ele olhou para baixo e disse que estava indo para BH comprar umas coisas para casa. Ela quis ir junto, mas ele não deixou. Disse ser desnecessário. Então, beijou as mãos dela e disse que ela iria gostar da surpresa. Arrancou o carro e nunca mais voltou.
Anos mais tarde, ela descobriu que ele partira para se casar com outra mulher no Rio de Janeiro. Hoje, aquele homem que a abandonara, vive do comércio e tem uma loja em uma shopping na cidade maravilhosa. E ela, não se casaria mais e, pelo resto da vida, iria se lembrar daquele dia em que alguém lhe disse adeus sem sequer olhar nos seus olhos.

Você já olhou para o céu hoje?

O mundo gira rapidamente, assim como as águas do rio correm para abraçar o mar. E eu pergunto: você já olhou para o céu hoje? A maioria das pessoas, cada vez mais introspectivas, remoendo cada qual o seu pequeno e particular problema não olham nos olhos e nem se preocupam com as coisas que estão ao redor. Parece que deu a louca e ninguém mais percebe as coisas fundamentais para um cotidiano feliz.

Sim, o cotidiano pode ser feliz. Tolo é quem se queixa da rotina. Afinal, não há nada no mundo que funcione sem organização, sem processos metodológicos. E é isso que constitui a rotina. Tudo bem. Concordo que fazer as mesmas coisas diariamente enche a paciência de todo mundo. Mas, por que não tentar fazer as mesmas coisas, de outra forma, buscando um novo olhar sobre elas?
Há quanto tempo você não olha o céu? Não olha as nuvens de dezembro e o azul das manhãs que antecedem o Natal? Você percebe, no ar, um cheiro de esperanças a serem renovadas com o nascer de um novo ano? Não? Então é preciso rever alguns conceitos. É necessário inventar de novo o amor, conforme cantou Vinícius.

Vivemos a era do imediatismo. Tudo é para ontem, mas a durabilidade é pouca. Isso é, as coisas de tão intensas, acabam passando muito rápido e escorrem entre os dedos feito finos grãos de areia ao menor soprar de vento. Tudo se vai, às vezes, sem nem dar tempo para as saudades. Assim, preocupada com a manutenção do efêmero, muita gente se esquece de coisas menores, mas nem por isso menos importantes.

Não seria a hora de tentar fazer os mitos? Numa tarde de 1966, nas areias quentes da praia de Venice Beach, Califórnia, dois jovens estudantes de cinema se reúnem e decidem montar uma banda de rock. Trata-se do tecladista Ray Manzareck e do poeta Jim Morrison. O primeiro, afoito com a fama, manifesta o desejo de ficar e rico, além de ter mulheres e mimos luxuosos. O outro, mais preocupado com a repercussão do trabalho, diz que quer mais. Ele quer fazer os mitos. Quer entrar para a história e que todo o resto seria conseqüência dessa obra grandiosa. Manzareck concordou. Assim nasceu o The Doors, grupo de rock que mudou o jeito de se fazer música ao mesclar poesia, jazz, blues e rock, com performances teatrais e ousadas. Entraram para a história e se tornaram referência para tantos outros grupos.

Nos dias de hoje, alguém se preocupa em fazer os mitos? Alguém quer ser lembrado na posteridade? E você, o que faz para preservar sua pequena história? O mundo é cheio de grandes momentos. Mas a pressa do trabalho, na busca desenfreada pelo dinheiro, faz com que as pessoas deixem de perceber certos acontecimentos. Uma rosa que nasceu no jardim de casa, um beija-flor que aparece na janela do apartamento durante o café da manhã, o sorriso de uma criança no colo da mãe no ponto de ônibus...

O sistema em que estamos inseridos engole e mecaniza a todos. Os “bom dia” dados entre dentes, a falta de um abraço fraterno nos conhecidos de infância, por receio, pudor ou sei lá o quê, torna as pessoas mais frias e distantes, longe de sinceros cumprimentos e de palavras amigas. A pressa no trânsito que aflige ainda mais ao som de frenéticas buzinas, ajuda a criar o caos da contemporaneidade. Soma-se a tudo isso, a velha argumentação da falta de tempo e das desculpas esfarrapadas, sem contexto algum.

É bom que se veja o mundo, que se olhe as coisas ao redor e que se tenha um olhar de turista para as coisas mais simples. Assim, fica menos árduo enfrentar os desafios que não são poucos. Fica mais fácil caminhar descalço sobre o quente asfalto nosso de cada dia. Então, que tal olhar para o céu agora?

terça-feira, 16 de junho de 2009

Rua da Aurora vou caminhar...

Nunca concordei muito com as mudanças de nomes de logradouros públicos. É impressionante, mas na maioria das vezes os nomes antigos de ruas, praças e avenidas eram muito mais bonitos. Vejamos: Vila Rica para mim é muito mais poético e bonito do que Ouro Preto. O nome antigo tem mais a ver com a cidade, que é hoje é muito mais rica em cultura, em vida, em patrimônio histórico do que em ouro.
Não é preciso ir muito longe não. Em João Monlevade mesmo ocorreram mudanças que me chateiam. A minha rua, no Vila Tanque, chegou a ter o singelo nome de Rua Antúrio. Não me lembro dessa época, acho que foi na administração de Dr. Lúcio, no fim dos anos 70. Aliás, as ruas todas tinham nome de flores... Mas isso durou pouco. Depois, as ruelas voltaram a ser nomeadas por números frios: oito, nove, dez...
Eu continuo preferindo os antigos nomes. São José da Lagoa é melhor do que Nova Era (afinal, o que há de "novo" na cidade vizinha?); São Miguel do Piracicaba é melhor do que Rio Piracicaba; Santo Antônio do Paraibuna é mais bonito que Juiz de Fora...
Agora, imaginem se João Monlevade passasse a se chamar Prandinópolis? Ou Mauri Torres? Ou mesmo Acelorlândia? Imaginem se Belo Horizonte( que é melhor do que Curral Del Rey, é verdade) passasse a se chamar Araão Reis? Ou se Santa Bárbara mudasse o nome para Afonso Pena, em função do seu filho ilustre?
Como disse Manuel Bandeira em Evocação do Recife:
Rua da União...Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O trem

Milton Nascimento é o maior cantor de Minas Gerais. Não. É um dos maiores do mundo. Em sua obra sempre chamaram minha atenção as canções que falam das características mineiras, sobretudo, as que tratam do trem. O mineiro que é mineiro sabe da importância do trem. Da grandeza do trem. Da força e dos mistérios do trem. Por isso, o trem está no cotidiano, nas falas, nos gestos. Por isso, chamamos tudo de trem: “Aquê trem! Ô trem sô! Ocê ficou de me emprestar o trem!”... Enfim!
Mas como dizia, o Milton escreveu e cantou muito sobre o trem que corta Minas e une os parentes e os corações Uma das canções mais lindas dele é Roupa Nova, que fala de um menino do interior que vive esperando o trem parar na estação daquela “cidade de fim de mundo”. Para quem conhece, vale a pena ouvir de novo. Para quem nunca ouviu, fica a dica para uma das mais belas canções feitas pelas mãos mineiras de Nascimento. Abaixo a letra linda da canção:

Todos os dias, toda manhã
Sorriso aberto e roupa nova
Passarim preto de terno branco
Pinduca vai esperar o trem
Todos os dias, toda manhã
Ele sozinho na plataforma
Ouve o apito, sente a fumaça
E vê chegar o amigo trem
Que acontece que nunca parou
Nessa cidade de fim de mundo
E quem viaja pra capital
Não tem olhar para o braço que acenou
O gesto humano fica no ar
O abandono fica maior
E lá na curva desaparece com sua fé
Homem que é homem não perde a esperança não
Ele vai parar
Quem é teimoso não sonha outro sonho não
Qualquer dia ele para
Assim Pinduca toda manhã
Sorriso aberto e roupa nova
Passarim preto de terno branco
Vai renovar a sua fé

Galo forte e vingador

O Galo é líder do campeonato brasileiro com 14 pontos. Ainda é cedo para afirmar, mas nunca é hora para perder as esperanças: esse ano, a coisa vai! Parafraseando o grande Roberto Drummond, o atleticano torce contra o vento se for necessário. Mas os ventos estão soprando a boa nova.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Namorados

A seguir, algumas passagens bonitas sobre o amor, em homenagem ao dia dos namorados:

Pra Poder Te Amar
(Martinho da Vila)
O amor não tem cor
O amor não tem idade
O amor não vê cara
Nem religião
Não faz diferença
Do rico e do pobre
O amor só precisa
De um coração...
O amor não tem tom
Nem nacionalidade
Dispensa palavras
Basta um olhar
O amor não tem hora
Nem fórmula certa
Não manda recado
Chega prá ficar...
O amor entrou na minha vida
Quando te encontrei
Olhei no teu olhar
E me apaixonei
Foi tanta emoção
Não deu prá segurar
O amor contigo ao meu lado
É cada vez maior
Quero me batizar
No sal do teu suor
E ter a vida inteira
Prá poder te amar...



"Quem não tem namoradoé alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo."
Arhur da Távola


"Meu paletó enlaça teu vestido e meu sapato ainda pisa o teu"
(Chico Buarque)

Declaração (para Renata, é claro)

Eu nasci para amar seus gestos de flor quando acorda,
Para sentir na saliva, a sua, com gosto de boca que anuncia a vida

Eu te amo porque você é assim,
Meio um pouco de tudo o que quero
Meio cheia das coisas que espero

Eu nasci para te amar pra sempre
Porque não há razão de ser se não há seu amor
De luz, de mar, de língua de sol
Lambendo a manhã fria

Eu te amo de amor de todos os dias
Numa dedicação diária de sentimento
Eu te amo de um amor intenso
de todos os momentos

eu te amo de te amar
e te amar, certeiro, como um rio
ama ir ao encontro do mar

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Lançamento do Cd Serenata


Meu bróder Martino vai promover o lançamento do Cd Serenata, em Alvinópolis, em noite romântica do Dia dos Namorados. Tudo a ver: Friozinho e música aconchegante para esquentar os corações apaixonados. Vale a pena prestigiar o evento que será no Nick´s Bar. Imperdível, até porque depois, vai rolar uma serenata pelas ruas da cidade, como se fazia antigamente.
Mais informações no blog: http://alvinopolisquepensa.blogspot.com

Não acho graça em Susan Boyle

Estou atrasado eu sei. Todo mundo já falou dela e nem sei se ela ainda é assunto. Mas não poderia me omitir a respeito de Susan Byle. E afirmo: eu não acho a menor graça nela. Para mim, ela não tem nada demais. Para mim, ela nâo passa de uma cantora que tem a voz boa e que tornou-se a bola da vez na era das celebridades instantaneas.Querem apostar que daqui a pouco minguém mais se lembra dela. Quanto tempo? Dois meses é muito.
Está certo que a mulher é cantora há muitos anos e que há tempos tenta o sucesso no mundo da música. Mas ela só se tornou grandiosa por conta da aparição naquele programa de calouros inglês.Aliás, programas de calouros e reallity shows que promovem anonimos ao estrelato estão mesmo na moda.
Não gosto de Susan Boyle. E ponto final. Prefiro outros cantores que poderiam mesmo alcançar o sucesso: Ana Cristina, Aline Calixto, Pedro Morais, Makely Ka, Kristoff Silva, Weber Lopes, Maurício Tizumba, Tambolelê, entre outros tantos...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Bonita (escrito para a Renata, é claro!)

Você é mais bonita que as estrelas
Reunidas por sobre a solidão do mar.
Você é mais bonita que você mesmo
Você é a própria beleza encarnada
Mais bonita que uma árvore chovendo
Dentro da madrugada
Você é mais bonita que não sei.

Você é mais bonita que o olhar dos amantes,
Que o primeiro raio de flor
Mais, muito mais que o diamante
Mais que qualquer brilhante
Qualquer luz e qualquer fogo.
Você é quatrizilhão de vezes mais bonita
Que um pôr –de- sol no oceano
Mais que a aurora,
Mais que a vitória
Ainda mais bonita que nem Deus saberia explicar.

Você é mais bonita que uma autoestrada
Unindo abraços distantes
Mais que o pai olhando o filho
Mais que a mãe,
Mais bonita que uma explosão de flores,
Arco-íris, tempestade de olhares
Mais infinitamente bonita que tudo
Tão mais que a palavra cala
Mais bonita que a primeira fala
Que o primeiro passo
Que o primeiro traço
Visto em ultra-som.

Você é mais bonita que o som,
Que o tom,
Que o Dom
Mais, bem mais
Que tudo que existe de bom
E mal.
Porque o mal vira bem
Quando passas de leve,
Mais bonita que um trem
Quando apita na curva e vem

Você é mais bonita que um trote
de cavalo
Mais bonita que o dote
Da donzela
Mais bonita que um galo
Cacarejando na janela
Mais bonita que a poesia
Que todas as poesias
Mais bonita que o dia
E a noite

Mais bonita que a lembrança
Do Taj Mahal,
Da Torre Eiffel
E de todo o céu.
Mais bonita que a Gal cantando qualquer música
Mais que a letra de “Camisa Amarela”
Você é mais bonita que um casamento na primavera...
Mais, muito mais,
Tão mais
Que a tinta seca.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Carta de Vinícius de Moraes para Chico Buarque: composição de Valsinha!

De Vinícius de Moraes para Chico Buarque
Mar del Plata, 24 de janeiro de 1971

Chiquérrimo,
Dei uma apertada linda na sua letra, depois que você partiu, porque achei que valia a pena trabalhar mais um pouquinho sobre ela, sobre aqueles hiatos que havia, adicionando duas ou três idéias que tive. Mandei-a em carta a você, mas Toquinho, com a cara mais séria do mundo, me disse que Sérgio [Buarque de Hollanda] morava em Buri, 11, e lá se foi a carta para Buri, 11.

Mas, como você me disse no telefone que não tinha recebido, estou mandando outra para ver se você concorda com as modificações feitas.

Claro que a letra é sua, e eu nada mais fiz que dar uma aparafusada geral. Às vezes o cara de fora vê melhor essas coisas.

Enfim, porra, aí vai ela. Dei-lhe o nome de "Valsa hippie", porque parece-me que tua letra tem esse elemento hippie que dá um encanto todo moderno à valsa, brasileira e antigona. Que é que você acha? O pessoal aqui, no princípio, estranhou um pouco, mas depois se amarrou na idéia. Escreva logo, dizendo o que você achou.


"Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito mais quente do que comumente costumava olhar
E não falou mal da poesia como mania sua de falar
E nem deixou-a só num canto; pra seu grande espanto disse: vamos nos amar...
Aí ela se recordou do tempo em que saíam para namorar
E pôs seu vestido dourado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como a gente antiga costumava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a bailar...
E logo toda a vizinhança ao som daquela dança foi e despertou
E veio para a praça escura, e muita gente jura que se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz".

Resposta do Chico (genial análise)!

De Chico Buarque para Vinícius de Moraes

Rio, 2 de fevereiro de 1971

Caro poeta,
Recebi as duas cartas e fiquei meio embananado. É que eu já estava cantando aquela letra, com hiato e tudo, gostando e me acostumando a ela. Também porque, como você já sabe, o público tem recebido a valsinha com o maior entusiasmo, pedindo bis e tudo. Sem exagero, ela é o ponto alto do show, junto com o "Apesar de você". Então dá um certo medo de mudar demais. Enfim, a música é sua e a discussão continua aberta. Vou tentar defender, por pontos, a minha opinião. Estude o meu caso, exponha-o a Toquinho e Gesse, e se não gostar foda-se, ou fodo-me eu.

"Valsa hippie" é um título forte. É bonito, mas pode parecer forçação de barra, com tudo que há de hippie por aí. "Valsa hippie" ligado à filosofia hippie como você a ligou, é um título perfeito.
Mas hippie, para o grande público, já deixou de ser filosofia para ser a moda pra frente de se usar roupa e cabelo. Aí já não tem nada a ver. Pela mesma razão eu prefiro que o nosso personagem xingue ou, mais delicado, maldiga a vida, em vez de falar mal da poesia. A sua solução é mais bonita e completa, mas eu acho que ela diminui o efeito do que se segue. Esse homem da primeira estrofe é o anti-hippy. Acho mesmo que ele nunca soube o que é poesia. É bancário e está com o saco cheio e está sempre mandando sua mulher à merda. Quer dizer, neste dia ele chegou diferente, não maldisse (ou "xingou" mesmo) a vida tanto e convidou-a pra rodar.

"Convidou-a pra rodar" eu gosto muito, poeta, deixa ficar. Rodar que é dar um passeio e é dançar. Depois eu acho que, se ele já for convidando a coitada para amar, perde-se o suspense do vestido no armário e a tesão da trepada final. "Pra seu grande espanto", você tem razão, é melhor que "para seu espanto". Só que eu esqueci que ia por itens.

Vamos lá:

* Apesar do Orestes (vestido de dourado é lindo), eu gosto muito do som do vestido decotado. É gostoso de cantar vestidodecotado. E para ficar dourado, o vestido fica com o acento tendendo para a primeira sílaba. Não chega a ser um acento, mas é quase. Esse verso é, aliás, o que mais agrada, em geral. E eu também gosto do decotado ligado ao "ousar" que ela não queria por causa do marido chato e quadrado. Escuta, ô poeta, não leva a mal a minha impertinência, mas você precisava estar aqui para ver como a turma gosta, e o jeito dela gostar dessa valsa, assim à primeira vista. É por isso que estou puxando a sardinha mais para o lado da minha letra, que é mais simplória, do que pelas suas modificações que, enriquecendo os versos, talvez dificultem um pouco a compreensão imediata. E essa valsinha tem um apelo popular que nós não suspeitávamos.

* Ainda baseado no argumento acima, prefiro o "abraçar" ao "bailar". Em suma, eu não mexeria na segunda estrofe.

* A terceira é a que mais me preocupa. Você está certo quanto ao "o mundo" em vez de "a gente". Ah, voltando à estrofe anterior, gostei do último versos onde você diz "e cheios de ternura e graça" em vez de "e foram-se cheios de graça". Agora, estou pensando em retomar
uma idéia anterior, quando eu pensava em colocá-los em estado de graça. Aproveitando a sua ternura, poderíamos fazer "Em estado de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar". Só tem o probleminha da junção "em-estado", o "em-e" numa sílaba só. Que é o mesmo problema do "começaram-a". Mas você mesmo disse que o probleminha desaparece dependendo da maneira de se cantar. E eu tenho cantado "começaram a se abraçar" sem maiores danos. Enfim, veja aí o que você acha de tudo isso, desculpe a encheção de saco e
responda urgente.

* Há um outro problema: o pessoal do MPB-4 está querendo gravar essa valsa na marra. Eu disse que depende de sua autorização e eles estão aqui esperando. Eu também gostaria de gravar, se o senhor me permitisse, por que deu bolo com o "Apesar de você", tenho sido perturbado e o disco deixou de ser prensado. Mas deu para tirar um sarro. É claro que não vendeu tanto quanto a "Tonga", mas a "Banda" vendeu mais que o disco do Toquinho solando "Primavera". Dê um abraço na Gesse, um beijo no Toquinho e peça à Silvana para mandar notícias sobre shows etc. Vou escrever a letra como me parece melhor. Veja aí e, se for o caso, enfie-a no ralo da banheira ou noutro buraco que você tiver à mão.

Eis a obra prima!

"Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar

Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar

E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar

E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar

Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar

Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar

E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou

E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou

E foram tantos beijos loucos

Tantos gritos roucos como não se ouvia mais

Que o mundo compreendeu

E o dia amanheceu

Em paz."


terça-feira, 19 de maio de 2009

Maio

Que me perdoem os contrários, mas maio é o mês mais charmoso do ano. Friozionho, aconchegante, ótimo para os vinhos, queijos e noites de amor sob pesado edredom. Maio é mês de acordar com preguiça, de deixar para lá os agitos típicos do verão. É o mês convidativo para refletir sobre nossos atos, de fazer uma mea-culpa sentimental: por que será que ela não ficou comigo?

Maio, sempre maio... As madrugadas frias vem dizer que algo novo surgirá pela manhã. No entanto, o sol morno aparece entre nuvens sem dizer muita coisa. Maio é mais que um mês: é um estado e espírito. Dessa forma, pode-se dizer de vez em quando, "estou em maio", mesmo que o calendário teime em dizer que seja setembro! Maio tem um quê de solidão, de sorumbático, tem algo que comove e que encanta, tem uma vida prórpia. Maio é o mês que nunca termina, apesar do Kid Abelha cantar o contrário. Maio e suas noites de lua clara e poucas estrelas. Maio e suas noivas delicadas, suas mães amorosas, de Maria, sempre nossa Rainha e Mãe Maria! Maio, pra sempre maio.
Maio dos trabalhadores, da Deusa grega da fertilidade. Maio o quinto mês do ano. O mês de 31 dias que marca a quase metade dos 12 meses que nos guiam. Mês dos taurinos e dos geminianos. O que dirá o zodíaco sobre os mistérios de maio? Maio sempre maio!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Fabrício e Elcimar e Guilherme Calk na garagem

Muito boa a iniciativa do Domingão do Faustão ao divulgar o trabahlo de artistas independentes, que enviam vídeos para o programa. Apesar de não ser muito fã do programa dominical, acho que ele tem uma das maiores audiências do Brasil e o respeito. Certamente, se os artistas monlevadenses tiverem uma chance de mostrar suas canções nesse novo quadro, pode surgir aí a oportunidade de ouro! Talento e competência, tanto Guilherme (Calk) e os sertanejos Fabrício e Elcimar têm demais. Sucesso e sorte! Acho que outros cantores da cidade deveriam mandar vídeos também: Maycon e Douglas, Claudiney Godoy, Daniel Bahia, João Roberto e Ronivaldo, Tony Braz, Laércio Silvano, Gleidson Heleno, Romulo Rás, enfim, toda a turma da música da nossa cidade deveria participar!

Shows da Alternativa

Muito boa a comemoração dos 20 anos da Rádio Alternartiva. Praça cheia, muita família, muita criança e o melhor: artistas de Monlevade sendo prestigiados. Como falei em outras ocasiões, os shows do aniversário da cidade poderiam ter sido realizados ali. O desvio do trânsito funcionou e todo mundo se divertiu. Parabéns à Rádio, ao Joãozinho e aos produtores daquela grande festa. A cidade precisa de mais iniciativas como essa!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Postagem de Marcelo Melo

Venturini e Erivelton

"Era para eu escrever sobre esse tema na última sexta-feira, após ter lido a coluna assinada pelo colega e literata Erivelton Braz, no jornal A Notícia, intitulada “Show certo no lugar errado”, quando ele falou sobre a apresentação de Flávio Venturini no Parque do Areão. Mas, acabei me esquecendo, mas o assunto ainda é atual. Realmente, o Erivelton falou tudo que eu gostaria de escrever, porque foi um pecado levar um dos maiores nomes da MPB, autor de clássicos da música brasileira, para o Areão, lugar de show para povão. E não é este o público de Venturini. Que não fosse no Teatro Antônio Gonçalves – o local mais adequado -, mas ao menos na praça do Povo – agora toda reformulada -, como ocorreu no governo de Leonardo Diniz, quando ali se apresentou Martinho da Vila. Faltou um pouco de bom senso, mas de qualquer forma servirá como experiência para os demais. Mas, a César o que é de César: o pessoal que hoje dirige a Fundação Casa de Cultura está com uma cabeça bem mais aberta do que os ex-diretores, que só traziam meros shows breganejos."

Valeu Marcelo. É isso aí!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Praça do Povo

O atual governo revitalizou a Praça do Povo. Achei que ela ficou linda. Agora, falta um evento para marcar a inauguração. A segunda edição do projeto Mais q Rock, que substitui o Rock na Rua, poderia ser realizado por ali.

Biblioteca

Falando em biblioteca, alguém já visitou a biblioteca pública municipal de João Monlevade? Ela fica no prédio da Secretaria de Trabalho Social. Os livros são muito velhos, alguns até bastante danificados. Está na hora de renová-los. Mas o problema é antigo e não é só dessa administração: a de Carlos Moreira também pouco fez pela biblioteca pública. Aliás, que governo fez algo grandioso pela cultura em Monlevade?

Ainda sobre a Fundação

A sede da Fundação Casa de Cultura foi deslocada para o Areia Preta pelo governo Moreira, mas ela deve voltar para o centro. Luciano Roza já me falou do interesse da atual administração de voltar com a entidade para Carneirinmhos. Acredito, sim, que alguns bairros poderiam receber unidades da FCC. Talvez os mais distantes do centro, como a região do Cruzeiro Celeste, o Santa Cruz e o Jacuí. Mas a sede, onde são desenvolvidos projetos e programas, essa tem que ocupar um lugar de destaque. Em Itabira, por exemplo, a sede da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade está numa das principais avenidas da cidade, além de abrigar também a biblioteca municipal. Mas acredito que a descentralização de programas culturais seja muito importante para o município, como acontece com os projetos de cultura itinerante.

Luciano Roza e a Fundação

Gosto muito do atual Diretor Executivo da Casa de Cultura, Luciano Roza e ele sabe disso. Tenho com ele uma relação de amizade, por compartilharmos de alguns gostos musicias, literários e até ideológicos (Stuart Hall e os teóricos pós-colonialistas, por exemplo). Já disse a ele que seria muito interessante, se a Fundação realmente se tornasse independente e não fosse apenas mais uma "secretaria da administrração municipal". É esperar para ver. Se o governo Prandini desvinculasse a FCC da administração, tornando-a independente, Monlevade teria muito a ganhar. Acho que o Luciano Roza poderia continuar diretor executivo, atuando junto aos conselhos fiscal e curador, formado por ativistas culturais do município. Assim, a FCC perderia de vez o caráter politiqueiro que possui.

Casa de Cultura

A relação dos diretores executivos da Fundação Casa de Cultura de Monlevade com os chefes do Executivo sempre teve um caráter de dependência. Obviamente, o cargo é político e o diretor acaba sendo um dos assessores diretos do prefeito.
A bem da verdade, já escrevi sobre isso antes: A Fundação Casa de Cultura deveria ser independente. Afinal, ela é uma Fundação e só poderia funcionar como tal. Isso envolve uma receita própria, uma vida própria. Claro que a administração municipal poderia participar diretamente dos trbalhos da entidade, através dos diretores executivos. Mas o presidente da fundação, assim como os demais conselheiros deveriam ser eleitos democraticamente, conforme rege o estatuto da instituição.

Show certo no lugar errado


Foto: Sérgio Henrique/ ACOM PMJM


O que dizer da apresentação do músico Flávio Venturini no Parque do Areão como parte integrante das comemorações do aniversário de João Monlevade ? A resposta está no título logo acima: a organização acertou na escolha do show, mas errou feio no local de sua realização.

A tentativa de explicação é a seguinte: Infelizmente, a grande massa popular de nossa cidade não está preparada para eventos do gênero. Numa linguagem mais chula, escolher Flávio Venturini para show gratuito, no parque do Areão, foi um vacilo tremendo.

O artista que é um dos mais renomados cantores de Minas Gerais e do Brasil, que já teve canções gravadas por outros nomes grandiosos da MPB, além de ser autor de trilhas de sucesso em novelas e mini-séries, ficou deslocado na imensidão do Parque do Areão, na madrugada fria do dia 2 de maio.

Com relação à apresentação, não há do que reclamar. Som, iluminação, repertório perfeitos. Um dos problemas foi o horário. Previsto inicialmente para 00h30 (o que já é tarde), o cantor subiu ao palco com cerca de uma hora de atraso. Pelo menos, antes da atração principal, houve shows dos ótimos pratas da casa, Cláudiney Godoy e João Roberto e Ronivaldo. Mas não há fã que agüente ficar em pé, na neblina e no frio, além de respirar a poeira do parque.

O que também decepcionou, sem dúvida, foi parte do público presente. Salvo os pouco mais de 300 fãs do artista, que formavam um “bolinho de gente” na frente do palco, o restante não estava nem aí para a música de Venturini, numa tremenda falta de respeito para com o músico e com os demais ouvintes.

Em determinado momento em que ficou só no palco, acompanhado apenas do piano, era notável a decepção do convidado, já que pouca gente ouvia seus solfejos e os versos iluminados de canções como “Criaturas da Noite”, “Minha Estrela”, “Pensando em Você”, entre outras. Mesmo assim, o artista cantou por cerca de duas horas e terminou com clássicos do seu antigo grupo, o 14 Bis. Aliás, ninguém também pediu bis porque já passava das 3h da manhã.

Como disse no título, a escolha do lugar não foi uma boa idéia para receber um cantor de pouco apelo popular, mas que agrada os bons ouvintes da MPB. Esses até pagariam para assistir ao show num confortável teatro, longe do frio, da neblina e da terra preta do parque do Areão.

Se a intenção era fazer um show na rua, talvez até a Praça do Povo, que recebeu melhorias da atual administração comportaria bem melhor o público do artista. Bastava alugar umas 400 cadeiras e desviar o trânsito, já iniciando o projeto “Linha Azul”, a exemplo do que fazia a administração petista quando promovia shows na Praça do Povo. Valeu a intenção do diretor da Fundação Casa de Cultura, Luciano Roza e do prefeito Gustavo Prandini. A torcida é a de que eles acertem da próxima vez.


PS: Esta crônica foi publicada na coluna Emporium, da última sexta, dia 8. Depois, fui informado que o Luciano Roza não foi o idealizador do show de Flávio Venturini. Então, fica aqui o nosso registro.

Variedades suspenso

Os leitores que sempre acompanharam a coluna Com Texto, no Jornal A Notícia, devem ter sentido falta na última sexta, dia 8. É que o caderno Variedades foi suspenso, infelizmnente, em decorrência de ajustes necessários no jornal, por causa da crise econômica. Fica a torcida para que tudo volte ao normal em 90 dias, conforme previsão do A Notícia. Então, voltaremos também a publicar nossas crônicas. Enquanto isso, aqui no blog, pretendo continuar publicando, sempre que possível.
Abraços a todos!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Palavras de Rosa


Pãos ou pães é questão de opiniães

Viver é negócio muito perigoso

Amor vem de amor. Digo. Em Diadorim, penso também - mas Diadorim é a minha neblina...

O diabo no meio da rua, no meio do reDEMOinho

O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem!

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia

Quem muito se evita, se convive!

Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando.

Felicidade se acha em horinhas de descuido...

Eu sei: quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.

Quem sabe direito o que uma pessoa é?Antes sendo:julgamento é sempre defeituoso,porque o que a gente julga é o passado

Não se esqueça de Mim

Essa letra é lindíssima! Tinha que ser do Roberto e do Erasmo. Afinal, quem quer ser esquecido por aquela que amou um dia?

Onde você estiver, não se esqueça de mim
Com quem você estiver não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver, não se esqueça de mim

Mesmo que exista outro amor que te faça feliz
Se resta, em sua lembrança, um pouco do muito que eu te quis
Onde você estiver, não se esqueça de mim
Eu quero apenas estar no seu pensamento
Por um momento pensar que você pensa em mim
Onde você estiver, não se esqueça de mim

Quando você se lembrar não se esqueça que eu
Que eu não consigo apagar você da minha vida
Onde você estiver não se esqueça de mim

terça-feira, 28 de abril de 2009

O curioso caso de G.

Para as mulheres, G. era um gordinho simpático e sexy. Mas para os amigos mais íntimos o apelido dele era rolha de poço ou tampão do mar. Estava um pouco acima do peso, é verdade. Aliás, ele sempre esteve acima do peso. Desde a infância, para ser mais exato. Tinha nascido magrinho, mas de tanto tomar fortificantes, emulsões, mingaus de aveia e muita banana caturra, acabou engordando. Tanto, que aos 15 anos pesava 120 kg.
Mas esse não era o problema dele. G. era um professor de sucesso e, aos 50 anos de idade já era titular da cadeira de Literatura Brasileira Século XIX. Entendia tudo de Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Alencar, além é claro de Flaubert, Eça de Queiroz, Balzac e outros tantos. Era um sujeito de sucesso, reconhecido no meio acadêmico e causava inveja em todos os seus colegas de departamento. Inclusive os casados.
O motivo? Apesar dos seus absurdos 175 kg, G. fazia muito sucesso com as mulheres. E era exatamente esse o seu principal problema, por mais contraditório que isso possa parecer. As alunas suspiravam no curso sobre narrativa machadiana que ele ministrava, na rua, ele era sempre alvo de alguma paquera. E isso o deixava profundamente irritado.
No início, G. gostava. Saía com muitas mulheres: para cada noite da semana tinha uma companhia diferente. De sexta a domingo, ele tinha que rebolar para dar conta do recado. Ás vezes, se encontrava com uma de tarde e outra à noite. No domingo, almoçava com uma e jantava com outra. Vivia namorando e para namorar.
Só que ele se cansou disso e começou a não gostar.
Outro dia, no café em frente à Faculdade Letras, conversava com um amigo sobre isso. Achava esquisito, porque ele não era nenhum Brad Pitt para ser tão desejado. É verdade que julgava ter um certo charme e até tinha. Mas nada que fizesse mocinhas de 20 anos perderem o sono por sua causa.
Certa vez, ele ficou irritadíssimo com uma garota que se derretia por ele. Ela o abordou na rua e, de frente para um outdorr que trazia a imagem do Malvino Salvador sem camisa, exibindo seus gominhos abdominais, disse: “Prefiro os seus pneuzinhos de caminhão a dormir com alguém com uma barriga tão sarada quanto aquela”. G. quis sair correndo depois de ouvir isso.
Ele tinha a certeza de que algo estava errado. Não era normal aquela situação, aquele frisson todo por sua redonda figura. G. procurou uma cartomante. Nas cartas, a mulher viu que o destino dele estava traçado: era um sedutor, um predestinado a conquistar os corações femininos, mas aquilo tudo ia passar, bastava emagrecer.
Então, G. saiu radiante da casa da vidente e decidiu fazer uma dieta. Iria começar no dia seguinte. Comprou pães integrais, iogurtes, chá verde e frutas. Cortou a janta e o chopinho com o amigos no fim de semana. Enquanto não emagrecia, a mulherada não saiu do seu pé. Um dia, uma loura estonteante, com as medidas de uma atriz pornô, disse que queria fazer amor com ele a qualquer custo. G. não entendeu porque já tinha emagrecido vinte quilos e a profecia não se concretizara.
Naquela noite quente de sexta-feira, depois de duas garrafas de frizante e ainda depois de transarem duas vezes, a mulher pediu que ele falasse de Memorial de Aires, último livro de Machado de Assis. Ele pasmou: “Falar do Conselheiro Aires agora?”. E ela: “Claro”. E ele não acreditou no que ouvia.
No dia seguinte, G. desistiu da dieta. Voltou a comer como um paquiderme e não sentiu culpa. Mas, inexplicavelmente, suas medidas não aumentaram como previsto. G. continuou emagrecendo, como um balão de ar furado. E, em menos de quinze dias, estava irreconhecível. Oitenta quilos mais magro, sem precisar reduzir o estomago ou sofrer com a restrição de guloseimas, G. estava mais feliz do que nunca: desde esse dia, nenhuma mulher olhou para ele, seus amigos não mais o invejaram mais e apenas os mais interessados passaram a assistir a suas aulas. Estava tudo normal agora.

Festival de Inverno

Este ano, o Festival de Inverno de Ouro Preto presta homenagem ao Clube da Esquina. A programaçâo ainda nao foi divulgada. É aguardar para ver, porque coisa boa vem por aí. Como Monlevade tem uma extensão da UFOP, organizadora do Festrival, por que também não temos uma extensão do Festival de Inverno? Bem a Casa de Cultura poderia tentar algo...

Sobre a história de um certo francês


Muita gente sabe que certo engenheiro francês desembarcou no Brasil em 1817 e foi o pioneiro da siderurgia nacional. Ele se chamava Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade e desbravou essas terras, dando origem a nossa cidade. Pois bem. Mas o que ficou por trás dessa história, os elementos que compuseram a trajetória dele e o perfil desse homem, sobretudo os detalhes de sua vida e obra nunca foi amplamente divulgado.
Não por falta de interesse ou de cuidado. Pelo contrário. Muitos são os artigos, reportagens, citações em livros, declarações apaixonadas, entre outros escritos soltos que foram produzidos para falar mais do francês que chegou à região, provavelmente, em fins de 1818. Porém, todas essas informações importantes acerca do pioneiro Jean de Monlevade encontram-se desvinculadas umas das outras, algumas guardadas em documentos oficiais do Centro de Cultura e Memória da ArcelorMittal (unidades de Monlevade e Sabará), outras guardadas em cartórios, outras em livros, outras em fragmentos de jornais de época, etc.
Para tentar agrupar esses dados, divulga-los e ainda despertar o interesse por essa história, recebi o desafio proposto pelo diretor do A Notícia, Márcio Passos, para escrever um livro sobre a trajetória de Jean de Monlevade. “Um livro?”, pensei. E imaginei que essa tarefa iria dar muito pano para a manga. E deu. Após aceitar a empreitada literária, parti para pesquisas, leituras e releituras de documentos e textos que pudessem embasar a escrita dos passos desse engenheiro francês que chegou ao Brasil aos 28 anos de idade.
Como disse, apesar dos muitos textos sobre o francês, poucos foram os documentos oficiais encontrados durante a cata de informações a respeito de tão nobre homem. Isso, sem falar nos vários personagens que participaram da vida dele no Brasil: Guido Marlièrie, Barão de Catas Altas, Auguste Saint-Hilaire, entre outros tantos nomes. Então, parti para a imaginação para costurar toda essa trama, amarrando datas e personagens, acontecimentos e situações, realidade documental e ficção pura, orientado pela máxima do genial Garcia Marques: “Espero contar uma história que ninguém contou antes”.
O resultado foi o romance “Nas Terras Pesadas de Metais e Espantos”, com cerca de 150 laudas, onde são relatadas as aventuras e desventuras desse herói francês, que adotou o Brasil como pátria e que era respeitadíssimo por nativos e estrangeiros, por homens nobres e escravos.
Acredito que possa ter havido, sim, algumas pequenas falhas, até porque não sou historiador e tive pouco mais de um ano para compor a obra. Mas sem dúvida, esse é o primeiro romance sobre o pioneiro Jean de Monlevade e sua vida no Brasil do século XIX. Devo isso, sem dúvida, à iniciativa de Márcio Passos e ao custeio da pesquisa feito pelo Jornal A Notícia. Mas o que mais me emocionou foi descobrir tanta paixão desse francês por essa terra, tanta dedicação e empenho ao trabalho, além de seu empreendedorismo que tanto marca a Usina que ele criou. Até os dias de hoje.
Aos 45 anos de emancipação política, a cidade de João Monlevade pode se orgulhar dos seus quase 184 de história, se considerarmos que o Solar onde o pioneiro morou, (a Fazenda do Centro Industrial, pertencente à Usina) provavelmente, foi erguido em 1825. Além disso, a cidade também tem do que se orgulhar por ser uma das poucas mineiras fundadas por um francês. Acho que além daqui, apenas Guidoval e Marliéria, ambas oriundas dos feitos do militar Guido Thomas Marlièrie; Santo Hilário, por causa da passagem de Saint-Hilaire a uma pequena vila do Sul de Minas, Itabira, por causa de Raoul de Caux, nenhuma outra carrega sua origem nos passos de franceses na então província das Gerais. Bem. Isso é outra história, a qual não me arrisco muito a palpitar.
Porém, acho que o ano da França no Brasil, talvez um dos mais importantes eventos de 2009, iniciado no último dia 21 e marcado para terminar em 15 de novembro, não poderia passar em branco sem alguma comemoração na nossa Monlevade. Afinal, o evento vem para mostrar que é possível compartilhar valores, ideais, interesses e cultura, entre duas nações tão distintas e nem por isso menos próximas. Monlevade merece isso. E muito mais.

O letrista dos anjos



Conheci Marco Martino enquanto fazia uma matéria para o caderno Variedades do Jornal A Notícia, sobre o festival do Aço excelente iniciativa da Rádio Alternativa (em 2005 ou 2006). Ele estava na organização do evento, ajudando a selecionar as canções inscritas. Fiquei emocionado e com vontade de dizer a ele o quanto sou fã de seu trabalho. Não o fiz por achar a ocasião imprópria. Agora, escrevo aqui...

Pois bem! Foi em 1998, a primeira vez que ouvi falar desse camarada. Na época, eu estava com 15 ou 16 anos e através do amigo músico Daniel Bahia, fui apresentado a uma das mais fantásticas bandas de rock: República dos Anjos.

Eu era metido a escrever letras de músicas e arriscava alguns poemas também. Mas fiquei pasmo ao ouvir aquelas canções. "Ela me pediu um tempo/ perguntei se era para cronometrar/ disse que me amava/ mas que precisava de um tempo pra pensar". Foram os primeiros versos que ouvi na voz roqueira de Martino, depois de ter ficado paralisado com a introdução feita na guitarra...

Sentei no sofá de casa e ouvi o disco inteiro, na maior altura, prestando atenção naquelas letras e naquele som. Pensei: "Por que esses caras nao estouram?", afinal, a música deles é muito melhor que a de outras bandas que estão na mída. São coisas que só fui entender mais tarde.

Ainda nessa época fui a um show deles em Monlevade, junto com Insígnias Ducais (eita, isso tem tempo!) e fiquei novamente fascinado com aquela energia ao vivo. Infelizmente, logo depois disso, a banda deu um tempo e cada integrante partiu para voo solo. Acho que já está na hora deles voltarem...

Depois do meu primeiro contato com Martino, vez ou outra, trocamos idéias via MSN e foi numa dessas vezes que ele me apresentou outros trabalhos musicais, sendo que um deles - o CD Serenata- foi tema de um artigo escrito para uma disciplina no mestrado e muito bem recebido pela professora.
Para quem nãoo conhece o som do República dos Anjo, vale dar uma acessada no site http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/republicadosanjos e se deliciar com as canções, sobretudo, com as letras do Marcos Martino.

O letrista dos anjos é um dos principais ativistas e divulgadores da cultura de Alvinópolis, ao lado de Juninho, Geovanio e outros bambas. Ele ainda mantém os blogs http://www.alvinopolisquepensa.blogspot.com/ e http://www.marcosmartino.blogspot.com/, além de desenvolver trabalhos publicitários.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O homem do (e)terno cinza



Eu sei um segredo daquele cara de terno cinza e gravata preta, sentado na primeira fila para atendimento no Banco. Vocês nem imaginam. É um segredo bobo, eu sei. Mas como os segredos sempre mexem com a curiosidade, resolvi provocar um pouquinho. Então, aquele cara de terno cinza é um homem sério, mora sozinho num apartamento alugado e come farinha láctea antes de dormir. Se vocês olharem bem e repararem com atenção, há alguns farelinhos no paletó. Bem ali, perto da gola.
O nome dele é Fernando. O sobrenome eu desconheço. Mas sei de outras coisas. Quando criança, por exemplo, ele morava perto da casa da minha avó, mas não saía muito à rua como os outros garotos. Sempre magro, sempre tossindo muito, aparecia de vez em quando, mas a mãe dele logo o chamava: “vem pra dentro, senão constipa!”
Ah é. A mãe dele... que figura tétrica! Usava umas meias grossas até a barra da saia jeans e surrada, mesmo nos mais quentes dias de verão. Além disso, trazia nos ombros um ponche ou um xale cinza, cheirando a coisa guardada. Seus cabelos eram envoltos em rolinhos pequenos, multicoloridos e cheios de caspa. Ela não ria jamais.
O menino cresceu ouvindo sua mãe dizer que ele ia morrer de alguma doença braba se ficasse brincando com os outros moleques. Por isso, ele se resguardava em torno dela, tomando todos os tipos de remédios que se possa imaginar. Esse é o segredo dele. Não espalhem, por favor, porque detesto fofoca: Ele é um hipocondríaco radical. Mesmo sem nunca ter transado, mesmo sem nunca ter usado drogas injetáveis ou recebido sangue, acordou um dia jurando que estava com AIDS. Fernando sempre acreditava que poderia estar muito doente.
E temendo a iminência da morte, ele nunca tira o terno cinza. Fernando quer ser enterrado com ele e fica esperando a morte chegar a qualquer momento. Hoje, ele está ali, na fila do banco, para depositar o seu seguro de vida (coisa que faz desde os 16 anos). Observem que ele está sempre tomando um comprimido. São coquetéis de antiácidos e antigripais para evitar qualquer problema maior.
Fernando vai ser atendido agora. Se não me engano, vai limpar o suor das mãos depois que apertar a da atendente. Viram? Não falei! Ele faz isso desde novo. É para evitar que seja contaminado por alguma bactéria transmitida pelo toque dos outros. Agora ele vai sair. Segue seu caminho solitário, Fernando.
O que ninguém poderia imaginar, nem o narrador das linhas acima, é que depois que saiu do Banco, depois de buscar o resultado mensal do exame de sangue no laboratório, depois ainda de evitar qualquer contato com outra pessoa, depois também de tomar uma injeção de vitaminas A, D e E, Fernando foi atropelado por um ciclista e arrebentou a cabeça no meio fio, bem no centro da cidade. Morreu feito um passarinho, depois de chocar-se contra uma árvore no meio do temporal.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sobre um quarto de século


Eu nasci em 1982 e, como muitos da minha geração, acreditava que o mundo fosse acabar no ano 2000. Morreria aos 18 anos, como um poeta romântico do século XIX. Achava que o fim dos tempos chegaria como naquelas previsões: mil passará, mas dois mil não chegará, que sempre ouvi dos mais velhos. Imaginava que o mundo desaparecesse de forma simples: boooom! E pronto. Sem aquele tom de catástrofe presente no imaginário popular.


O ano 2000 chegou e o mundo não acabou. Pelo contrário, outro mundo se abriu para mim: fui contratado como repórter deste então semanário. Essa história eu já contei. Mas quero registrar minha eterna gratidão e orgulho de ter entrado no mundo da escrita por meio do A Notícia, que completa na próxima segunda, 13, vinte e cinco anos.


Um quarto de século parece pouco. Mas é muito tempo se pensarmos em quantas pessoas passaram pela equipe de redação, quantas edições circularam, quantas fotografias foram tiradas, quantas pautas foram pensadas, quantas entrevistas feitas, quantas notícias alegres, quantas notas tristes... São vinte e cinco anos de uma vivência intensa junto da região do Médio Piracicaba, sendo fiel a princípios morais e ao tão respeitado compromisso com o leitor.


É preciso comemorar e festejar a data, com o orgulho dos campeões e o suspiro de quem sabe bem os caminhos que percorreu até chegar aonde chegou. Além disso é importante frisar que mais da metade dos 45 anos da história do município estão registrados nas páginas do jornal. Arquivos de ouro para a preservação da memória de nossa cidade.


Ninguém discorda que o jornal A Notícia é um dos mais importantes veículos jornalísticos da região. O reconhecimento veio com a certificação ISO e com os inúmeros prêmios e homenagens recebidos ao longo desses anos, sem falar nos seus recordes de vendagem nas bancas e, principalmente, pela capacidade de fomentar a opinião do povo, provocando debates e reflexões nas manhãs de terças e sextas-feiras.


Ainda estamos nos anos 2000. O mundo não acabou, apesar da crise batendo na porta e na aorta de muita gente. Eu não estou mais na redação, apesar de ocupar este espaço como colaborador. Mas o jornal continua agradando a uns, desagradando a outros tantos. Sempre cumprindo o seu papel fundamental: informar com precisão, apresentando edições, tanto bonitas de se ver quanto interessantes de se ler.


Parabéns a todos aqueles que escreveram e que ainda escrevem as linhas desta história. Parabéns aos leitores, aos colaboradores, aos jornaleiros. Parabéns aos parceiros, aos fotógrafos, aos chargistas, aos diagramadores, aos impressores, aos revisores. E sobretudo, parabéns ao Márcio Passos, que iniciou essa empreitada, matando leões diários para vencer as barreiras; parabéns também à Maria Cecília, sua filha, que dá continuidade a essa grandiosa obra.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Haicais ordinários

I
Tudo passa
como errante
nuvem de fumaça

II
Beijo tua boca
Sem beijar
teu travesseiro

III
Olha por que
a redonda bolha
é meio molhada?

IV
O Poema Sujo
é mais limpo
que a sua bondade

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A casa de Oliver T.


Não era uma casa apenas. Tinha, sobretudo, um ar de mistério a morada de Oliver T., engenheiro aposentado, sem filhos e sem amores. Ali ele escondia seus prazeres, seus pequenos delitos, seus hábitos pouco convencionais. Não que Oliver T. fosse um homem que levantasse suspeitas. Pelo contrário: era querido pela vizinhança e simpático com todos. Mas tinha um costume incomum. Ele, homem solitário aos 67 anos, gostava de caixinhas. Colecionava-as e, dentro das maiores, guardava outras menores e, dentro dessas, colocava outras menores ainda, até chegar às minúsculas caixas de botão de camisa. Era um vício. Oliver T. entrava nas lojas, mas não comprava nada. Ele apenas observava os objetos de sua paixão calorosa. Poderia passar horas diante das vitrines observando as caixas: redondas, coloridas, quadradas, com texturas, ranhuras, caixas e mais caixas. Quando perguntado se queria alguma coisa, Oliver perguntava se as caixas estavam à venda. “Se comprar uma camisa, pode levar a caixa”, foi o que disse a vendedora. “Eu compro. Quero as caixas”. Em casa, o engenheiro cuidava delas como se cuidasse de celebridades. Tinha armários especiais montados só para acondicioná-las. No quarto do fundo, que também parecia uma caixa dentro de casa, ele as ordenava, seguindo um método de arquivistica. As caixas tinham nomes como tem os animais de estimação. Oliver passava dias dentro do quarto observando suas preciosidades. Dava risadas, rodopios com alguma na mão. Tinha verdadeira estima por elas. Não importava se eram de papelão ou de madeira. Amava todas, mais do que amava a se mesmo. Um dia decidiu fazer uma obra na casa. Ele mesmo desenhou o novo projeto. A idéia era construir uma espécie de labirinto entre os quartos, de maneira que a porta de um se abrisse dentro do outro. Os quartos também tinham uma disposição diferenciada: os maiores continham os menores. O último era inversamente proporcional ao primeiro, sendo pouco maior que um cubículo secreto. Obras a todo vapor e Oliver T. salivava diante de seu estranho projeto. Dormia e sonhava com os labirintos borgianos que apareciam à sua frente. Eram caminhos apenas de ida. Ninguém poderia voltar de lá. Mas ele, apenas ele, sabia o caminho de volta. E não precisava espalhar migalhas de pão ou desenrolar um novelo de linha. Sabia a estrutura do lugar de cor e se realizava com isso. Acordou feliz naquela manhã em que sua obra ficaria pronta. Sua casa se transformou num imenso corredor de doze cômodos fechados, sem janela, com apenas uma porta de entrada. Os quartos grandes da casa do engenheiro iam diminuindo de tamanho à medida que se abriam as portas e se mergulhava naquelas paredes de concreto e cheirando a tinta fresca. O último era o mais secreto. O menor, o mais quente. Nele, Oliver não cabia em pé. Não podia abrir os braços, tinha que se acomodar quase de cócoras, como se habitasse uma casa de bonecos. Ali, nesse local pouco confortável e convencional, é que ele se sentia melhor. Sentia-se protegido, como se tivesse regressado ao útero materno, como se nada no mundo pudesse atingi-lo. E foi assim que Oliver T. sumiu. Ninguém na rua o via mais. Ninguém na vizinhança o ouviu assobiar. Dentro de casa, de seus cômodos, Oliver foi morar para sempre encaixotado, tão recluso como se seus segredos nunca pudessem ser revelados, como se a vida não passasse de um objeto guardado dentro de uma caixinha de músicas.

No Papini

Na quarta-feira, 1º de abril, estive na escola Estadual Antônio Papini, a convite das professoras Lucília e Bel, para falar aos alunos sobre Literatura. Por cerca de 30 minutos, falei um pouco do meu interesse pela leitura, meu processo de criação textual, além de como criei o hábito de escrever. Atentas, as crianças com idades entre 8 e 11 anos, me ouviram com um interesse surpreendente.
Fiquei feliz com a empolgação deles com um concurso literário promovido pela escola, além de ter apreciado bons poemas escritos por eles. Esse é o resultado de um trabalho digno de aplausos de todas as professoras e da equipe pedagógica da escola que incentivam as crianças a gostar de ler, além de criar seus próprios textos. Com leitores que mergulham no universo literário por prazer, dá para acreditar que o Brasil ainda pode ser o país do futuro!

No Papini II

Ainda durante a visita, fui bombardeado com perguntas das mais diversas:
- "Qual foi primeiro livro que você leu?"
- "Quantas crônicas você já escreveu?"
- "Escritor ganha muito dinheiro?"
- "Qual o seu poema preferido?"

Essas perguntas me deixaram muito feliz porque percebi que os meninos e meninas têm uma vontade grande de ler cada vez mais. Além disso, as crianças mostraram que é possível aprender a gostar de ler sem a obrigação chata de fichas de leitura ou coisa do tipo. Elas estão lendo porque gostam e porque querem. Estão de parabéns!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dez coisas para se fazer quando estiver à toa

1) Ler 20 poemas de amor e uma canção desesperada, de Pablo Neruda

2) Ouvir os Beatles tocando Something

3) Assistir ao Fabuloso Destino de Amelie Poulain

4) Esfregar o dedão do pé num tapete felpudo

5) Ler qualquer texto do Drummond

6) Ouvir Chico cantando Trocando em Miúdos

7) Assistir ao Chaves e não sentir culpa

8) Jogar fora os papéis que estão sobrando na gaveta

9) Rever fotos antigas

10) Sexo também é bom negócio. O melhor da vida é isso e ócio, como cantou o Baleiro!

Todos eles num só

Leia Alvares de Campos!
Leia Alberto Caieiro!
Leia Ricardo Reis!
Leia Fernando Pessoa!

Eram quase oito



A mãe da moça tem medo da filha engravidar de novo. A jovem não tem boa fama na vizinhança. É chamada pelas demais senhoras de bom costume daquele bairro de famílias tradicionais de mulher de vida fácil. Vocês entendem, né? A pobre moça


Pobre? Questionam alguns. Mas ela desfila de grifes, cheira a perfumes franceses, come petiscos japoneses, roda em carros alemães e conquista homens do mundo inteiro. Já ganhou de presente um relógio suíço, bebe sempre uísques escoceses. De vez em quando, fuma unzinho vindo de São Luiz do Maranhão e não muito frequentemente, cheira pó colombiano. Era, como vocês podem ver, uma moça com aspectos universais. Tinha de tudo um pouco, de cada canto do mundo.


Mas a mãe dela não se importa com isso. Só tem medo mesmo de que a filha engravide de novo. O menino tem 10 anos. Fora uma gravidez difícil. A família do pai dela falou muito mal e a da mãe, nem se fala. Aliás, adolescente grávida e solteira é um prato cheio para o falatório dos hipócritas de plantão. Abandonada pelo namorado, a moça suportou na pele cada decepção. Foram nove meses de um martírio que ela mal pôde suportar. Mesmo assim, sobreviveu. Entre trancos e barrancos.


Hoje, ela tem 27 anos. Mas não parece. Ela aparenta ter mais. Deve ser por causa do constante ar de cansaço que ela mantém. Um ar de quem perdeu o sono, de quem perdeu as esperanças e se entregou à derrota. Reflexo da vida que leva, regada à baladas sem fim. Mesmo durante as segundas-feiras mais desanimadas, mas que para ela, eram cheias de clientes e de falsas animações.


A mãe cuida do neto. O neto esquenta o leite para a avó que tem medo de se queimar no fogão. Isso acontece desde o dia em que uma panela de óleo fervendo caiu sobre os pés dela. Ela sentiu os dedos do pé fritarem como torresmos e nunca mais acendeu o fogo de novo. A moça trabalha à noite para sustentar o filho e a mãe. Apesar do olhar cansado, o que chama a atenção é que os lábios dela estão sempre prontos para um beijo. Ainda que mal recebidos por bocas de todo o tipo.


Na rua, a vizinhança adora vê-la pela manhã. A filha de Odete põe o lixo para fora. Usa camisola frouxa e touca nos cabelos. A moça que vem da noite, veste bem. Acho que Prada, talvez. Presente de um gringo italiano. As duas se olham. A mesma idade. A mesma infância. A moça sorri para a amiga em trajes de dormir, que finge não ver. Olha para o outro lado, mas está morrendo de curiosidade para saber de onde a outra vem. Com quem terá saído? Com quantos se encontrou naquela noite?


Mesmo com as perguntas, não olha. Se olhasse, veria a outra limpar uma lágrima. Apenas uma. Lágrima com gosto de um tempo que não existe mais. Um tempo em que as duas brincavam juntas de pular elástico, de pique-esconde, de altinhas e outras brincadeiras mais. Ela lembra da época em que compravam picolés na venda do Sô Manel, na esquina da rua. O tempo passou. Sô Manel está morto. A vizinha de camisola não olha e nem dá atenção. E ela, chupa outras coisas a custa de dinheiro.


Ainda ali, as sete e quinze, ela olha a rua comprida e vê-se a si, andando de bicicleta com outras meninas. Agora, a rua está vazia. Não há mais nada a ser feito, a não ser dormir enquanto o dia acorda. Na cozinha, a mãe já não diz mais nada. Observa a filha recém-chegada. A moça dá bom dia e toma uma xícara de chá de camomila com calmantes para dormir mais e não pensar em nada. E a mãe, pede a Deus para que a filha não engravide de novo.
Antes de o sono chegar, ela vê o filho dormindo com o dedo na boca. Quer beijá-lo na testa, mas exita. Prefere deixar para depois, como sempre costuma fazer. Ela acha o menino bonito, aliás, ele se parece com alguém que ficou para trás. Alguém de quem ela nunca se esqueceu, mesmo depois de tudo que passou.


Já no banheiro, ela se esfrega embaixo d’água para retirar aquela pele de ontem. A mãe bate na porta e diz para não demorar porque ouviu no rádio que era preciso economizar. Vai faltar água hoje. Ela não está nem aí. Quer ficar limpa e dormir sem esperanças de sonhos coloridos. Pensou nele de novo e fechou a torneira. Secou as costas curtas, entrou no pijama e foi dormir. Eram quase oito.