Depois de 12 semanas apontando a importância e a grandiosidade de nossa memória, nossos temas tão caros, ficam ainda algumas questões: qual olhar podemos lançar sobre a nossa cidade se a memória não tem um espaço definido? Quando os costumes e tradições ficam na área de um saudosismo válido, mas não suficiente? O que fazer para que João Monlevade avance na economia, no crescimento e na geração de emprego e renda, mas não se esqueça de legitimar suas raízes? O que fazer para que essas não sejam apenas evidenciadas por um sentimento ufanista e longínquo?
Como disse em outros textos, fala-se muito em memória, mas não há meios suficientes para legitimá-la, para edificá-la e transformá-la em algo concreto e justificado com a força de suas entranhas.
Vejamos. O lactário, as casas de madeira, a escadaria, os boieiros, os shows da rádio cultura, a praça central, as barbearias, os bares, as vivências os apitos da Usina e todo o resto daquela época, compõem uma saudade, representam uma lacuna que ainda vaga pelas trilhas da lembrança, que ainda grita, agita e se agiganta em ecos. Mas, para quem ouvir? E quando as vozes se calarem?
Também já escrevi aqui que é preciso reunir, catalogar, registrar, e transformar essas informações em ações para consultas e efetivá-las em referência da nossa identidade. Tomemos o exemplo do Centro de Cultura e Memória da ArcelorMittal. O hotel Cassino foi transformado e otimizado como museu que guarda o acervo de tudo o que diz respeito à unidade local da gigante mundial do aço. Ali estão reunidos documentos históricos, recortes de jornais, boletins informativos, fotografias, livros, registros de atas, entre outras pegadas que contam a história da empresa no município ao longo de 75 anos.
Por que não pensar em um centro de cultura e memória municipal? Um museu da imagem e do som? Onde pudessem ser registradas narrativas de nossa cidade, onde pudessem estar reunidas, fotografias, recortes, textos, objetos e demais objetos que possam contar a nossa história? Podemos avançar para o futuro quando conhecemos bem o nosso passado, que ainda respira forte e com bastante freqüência, na alma de João Monlevade.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
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