quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Memória Pop


Estou terminando minha dissertação de mestrado! Ufa! Foram dois anos de pesquisas, aulas e escritos diversos sobre memória, identidade, pós-modernidade e crítica da cultura. Estudo a obra literária O Cheiro de Deus, do grande Roberto Drumond (foto ao lado).
O romance publicado em 2001 conta a história ficcional dos Drummond no Brasil. Além disso, o narrador vale-se das memórias de uma personagem para contar acontecimentos e fatos da política, da cultura e da história de BH, de Minas e do Brasil. O tema do meu trabalho é "Memória Pop" - Uma leitura de o Cheiro de Deus, de Roberto Drummond. Tento mostrar como o autor articula memória, história e ficção para desenvolver a trama do romance. Nesse sentido, ele abusa de elementos da cultura pop e do pós-moderno para lançar um olhar crítico para as décadas de 40, 50 e 60.
Sob orientação da querida Professora Doutora Magda Velloso Fernandes de Tolentino, defendo o trabalho e outubro, se Deus quiser!
Em tempo: Conheci o romance O Cheiro de Deus em 2001 através do amigo e jornalista Márcio Passos. Nessa época, era foca do A Notícia e sonhava com as letras... Isso há oito anos! Tempo suficiente para encher o meu lago da memória! Mas isso é asssunto para outra ocasião!!!!

O ser Atleticano - Crônica do saudoso Roberto Drummond sobre o Galo, é claro!!!


Ah, o que é ser atleticano? É uma doença? Doidivana paixão? Bênção dos céus? É a sorte grande?
O primeiro e único mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo.
Daí, que a bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo.
Cheira a mulher amada.
Cheira a lágrimas.
Cheira a grito de gol.
Cheira a dor.
Cheira a festa e a alegria.
Cheira até mesmo perfume francês.
Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, tremula ao vento.
A gente muda de tudo na vida. Muda de cidade. Muda de roupa. Muda de partido político. Muda de costumes. Até de amor a gente muda.
A gente só não muda de time, quando tem as iniciais CAM, do Clube Atlético Mineiro, gravadas no coração.
É um amor cego e tem a cegueira da paixão.
Já vi o atleticano agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados.
Já vi atleticano rasgar a carteira de sócio do clube e jurar:
- Nunca mais torço pelo Galo!
Já vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, eu o vi catar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazer com o retrato da amada.
Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente?
Que a gente associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, tio, prima)?
Que a gente o confunde com a alegria que vem da mulher amada?
Que mistério tem o Atlético que a gente confunde com uma religião?
Que a gente sente vontade de rezar “Ave Atlético, cheio de graça?”
Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa branca e preta, um milagre se opera?
Que tudo se transfigura num mar branco e preto?
Ser atleticano é um querer bem. É uma ideologia. Não me perguntem se eu sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano e, nesse amor, pertenço ao maior partido político que existe: o Partido do Clube Atlético Mineiro, o PCAM, onde cabem homens, mulheres, jovens, crianças.Diante do Atlético todos são iguais: o bancário pode tanto quanto o banqueiro, o operário vale tanto quanto o industrial. Toda manhã, quando acordo, eu oro: obrigado, Senhor, por me ter dado a sorte de torcer pelo Atlético.