quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O ser Atleticano - Crônica do saudoso Roberto Drummond sobre o Galo, é claro!!!


Ah, o que é ser atleticano? É uma doença? Doidivana paixão? Bênção dos céus? É a sorte grande?
O primeiro e único mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo.
Daí, que a bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo.
Cheira a mulher amada.
Cheira a lágrimas.
Cheira a grito de gol.
Cheira a dor.
Cheira a festa e a alegria.
Cheira até mesmo perfume francês.
Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, tremula ao vento.
A gente muda de tudo na vida. Muda de cidade. Muda de roupa. Muda de partido político. Muda de costumes. Até de amor a gente muda.
A gente só não muda de time, quando tem as iniciais CAM, do Clube Atlético Mineiro, gravadas no coração.
É um amor cego e tem a cegueira da paixão.
Já vi o atleticano agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados.
Já vi atleticano rasgar a carteira de sócio do clube e jurar:
- Nunca mais torço pelo Galo!
Já vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, eu o vi catar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazer com o retrato da amada.
Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente?
Que a gente associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, tio, prima)?
Que a gente o confunde com a alegria que vem da mulher amada?
Que mistério tem o Atlético que a gente confunde com uma religião?
Que a gente sente vontade de rezar “Ave Atlético, cheio de graça?”
Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa branca e preta, um milagre se opera?
Que tudo se transfigura num mar branco e preto?
Ser atleticano é um querer bem. É uma ideologia. Não me perguntem se eu sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano e, nesse amor, pertenço ao maior partido político que existe: o Partido do Clube Atlético Mineiro, o PCAM, onde cabem homens, mulheres, jovens, crianças.Diante do Atlético todos são iguais: o bancário pode tanto quanto o banqueiro, o operário vale tanto quanto o industrial. Toda manhã, quando acordo, eu oro: obrigado, Senhor, por me ter dado a sorte de torcer pelo Atlético.

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