sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A escrita de nossa história

A nossa historia é escrita todos os dias, ao recolhermos, em nossos arquivos, fatos e acontecimentos pessoais ou coletivos que marcaram os momentos vividos.
Desde a época das cavernas, o homem tenta se arquivar. As pinturas em pedras e cavernas representam a mais pura necessidade de registrar a história. Os animais reproduzidos em tinta vermelha e aquelas figuras parecidas com humanos compõem uma narrativa, para que, num futuro, alguém compreendesse aquela história.
Depois, com a invenção da imprensa, os homens começaram a registrar seus feitos em diários e a revelar-se por meios de longas correspondências. Muitas dessas informações depois, tornaram-se documentos preciosos.
Hoje, a escrita da história é uma das características da chamada era pós-moderna, na qual estamos inseridos. Oprimidos pela fragmentação, pelo excesso de informações e pela velocidade que assola nossos dias, agarramos cada vez mais às nossas memórias, transformadas em tabuas de salvação contra o esse mundo, em que a superficialidade, o instantâneo e as grandes verdades caíram por terra.
E, é exatamente na Pós- Modernidade, que as escritas das memórias pessoais ganham força. Sejam elas biográficas ou autobiográficas, textos do gênero ganham cada vez mais espaço nas prateleiras de livrarias e também nos jornais e revistas. O importante Folha de S.Paulo traz um obtuário interessantíssimo. Baseado na mesma fórmula do grande The New York Times e de alguns jornais londrinos, um repórter escreve, em poucas linhas, a biografia de algum falecido (famoso ou anônimo, não importa) em estilo literário, destacando detalhes da personalidade do indivíduo, tão interessantes, que o aproxima de um personagem de ficção. Eu adoro ler e recomendo. Inclusive, já até me arrisquei a escreve alguns.
A necessidade de redigir sobre nós mesmos, de deixar marcas na história é uma característica da coleção pessoal, exigida desde os tempos imemoriais. Os seres humanos têm carência de lembrança, precisam desse apego ao passado, desse encontro com o que foram um dia. Assim: a memória é nosso maior banquete. Deliciemo-nos.