terça-feira, 27 de julho de 2010

A alma encantadora das ruas

Memória IX – A alma encantadora das ruas

Tomo o título emprestado do grande cronista João do Rio, cujo livro homônimo a esta, revela histórias das ruas do Rio de Janeiro do século XIX. Assim, acredito que poderia haver algo semelhante por aqui. As ruas de Monlevade precisam ter suas memórias registradas, através de um livro, cartilha ou revista. Afinal, quem são as pessoas que nomeiam logradouros por onde passamos todos os dias? Qual é a história dessas pessoas que entraram para a história municipal como personagens célebres?
Isso não se trata nem de uma questão para o futuro, mas mesmo para o presente. Será que a maioria da população sabe quem foi Gomes Batista, Ricardo Leite, Geraldo Soares de Sá, Geraldo Miranda, Lucindo Caldeira, entre outros? E o que eles fizeram para nomear as ruas da cidade? Desculpe a ignorância, mas eu não sei.
Por favor, amigos, familiares ou pessoas mais informadas do que este colunista, não me entendam mal. Não se trata, aqui, de discutir os méritos desses, mas de prestar um serviço importante para a preservação da memória da cidade, incluindo, a divulgação da biografia deles junto à comunidade.
Isso, também evita, que ocorra a triste mudança de nomes, tão comuns em tempos de desvalorização da memória. Afinal, não faz o menor sentido uma rua ter seu nome trocado por outro, depois de anos sendo chamada assim. É interessante pensar a respeito. Imagine você, se a avenida Wilson Alvarenga trocasse de nome? Como ficariam as referências? Falando nisso, será que todo mundo sabe quem foi Wilson Alvarenga? Será que a geração mais nova sabe que ele nasceu em Barão de Cocais e foi o primeiro prefeito de João Monlevade, pouco depois da emancipação?
O amigo e professor Dadinho elaborou, na revista sobre os 30 anos do bairro República, um dossiê intitulado: “Conheça o Patrono de Sua Rua”, interessante registro sobre quem foram os presidentes, seus feitos e curiosidades dos homens que nomeiam as ruas do bairro. Vale a pena conhecer.
Não se deve esquecer quem foram os heróis de nossa história. É por essas e outras, que é importante que se faça o registro desses nomes, sua trajetória como homens, suas ações e projetos para que esses não se percam com o inevitável passar do tempo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

DECLARAÇÃO DE VOTO

Este texto é de Frei Beto, que achei interessante e que nos força a reflexão. Acredito que esse seja mesmo o caminho!
Voto este ano, para presidente da República, no candidato decidido a implementar reformas estruturais tão prometidas e jamais efetivadas: agrária, tributária, política, judiciária. E que a previdenciária e a trabalhista não sejam um engodo para penalizar ainda mais os trabalhadores e aposentados e beneficiar grandes empresas.
Voto em quem se dispõe a revolucionar a saúde e a educação. É uma vergonha o sucateamento do SUS e do ensino público. De 190 milhões de brasileiros, apenas 30 milhões se agarram esperançosamente na boia de salvação dos planos privados de saúde. Os demais são tratados como cidadãos de segunda classe, abnegados penitentes de filas hospitalares, obrigados a adquirir remédios onerados por uma carga tributária de 39% em média.Segundo o MEC, há 4,1 milhões de brasileiros, entre 4 e 17 anos, fora da escola. Portanto, virtualmente dentro do crime. Nossos professores são mal remunerados, a inclusão digital dos alunos é um penoso caminho a ser percorrido, o turno curricular de 4 horas diárias é o verniz que encobre a nação de semianalfabetos.Voto no candidato disposto ao controle rigoroso de emissão de gás carbônico das indústrias, dos pastos e das áreas de preservação ambiental, como a Amazônia. Não se pode permitir que o agronegócio derrube a floresta, contamine os rios e utilize mão de obra desprotegida da legislação trabalhista ou em regime de escravidão.
Voto em quem se comprometer a superar o caráter compensatório do Bolsa-Família e resgatar o emancipatório do Fome Zero, abrindo a porta de saída para as famílias que sobrevivem à custa do governo, de modo que possam gerar a própria renda.Voto no candidato disposto a mudar a atual política econômica que, em 2008, canalizou R$ 282 bilhões para amortizar dívidas interna e externa e apenas R$ 44,5 bilhões para a saúde. Em termos percentuais, foram 30% do orçamento destinados ao mercado financeiro e apenas 5% para a saúde, 3% à educação, 12% a toda a área social.
Voto no candidato contrário à autonomia do Banco Central, pois a economia não é uma instância divorciada da política e do social. Voto pela redução dos juros, a desoneração da cesta básica e dos medicamentos, o aumento real do salário mínimo, a redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas.
Voto na legalização e preservação das áreas indígenas, de quilombolas e ribeirinhos, no diálogo permanente com os movimentos sociais e repudio qualquer tentativa de criminalizá-los, nas iniciativas de economia solidária e comércio justo, na definição constitucional do limite máximo de propriedade rural.
Voto no candidato convicto de que urge reduzir as tarifas de energia destinada ao consumo familiar e de uso de telefonia móvel. Disposto a valorizar fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica, a dos mares e lixões etc. E que seja contrário à construção de termoelétricas e hidrelétricas nocivas ao meio ambiente.Voto no candidato que priorize o transporte coletivo de qualidade, com preços acessíveis subsidiados; exija a identificação visível dos alimentos transgênicos oferecidos ao consumidor; impeça a participação e uso de crianças em peças publicitárias; e condene veementemente o trabalho infantil.
Voto no candidato decidido a instalar a Comissão da Verdade, de modo a abrir os arquivos das Forças Armadas concernentes ao período ditatorial e apurar os crimes cometidos em nome do Estado, bem como o paradeiro dos desaparecidos.
Voto em quem dê continuidade à atual política externa, de fortalecimento da soberania e independência do Brasil, diversificação de suas relações comerciais, apoio a todas as formas de integração latino-americana e caribenha sem a presença dos EUA; direito de o nosso país ter assento no Conselho de Segurança da ONU; de repúdio ao criminoso bloqueio dos EUA a Cuba e à instalação de bases militares estadunidenses na América Latina.
Voto, sobretudo, em quem apresentar um programa convincente de redução significativa da maior chaga do Brasil: a desigualdade social. Este o meu voto. Resta achar o candidato.

(Frei Betto, semana de 18 a 24/04/2010, vários jornais do Brasil)

Memória VIII – A Memória como cultura


A memória é um dos elementos culturais mais importantes de um povo. Saber preservar sua origem, conhecer sua história e transmiti-la a gerações futuras são elementos estruturais para o desenvolvimento e para a soberania. Enquanto patrimônio cultural, a memória reforça as bases do pensamento coletivo e torna-se referência para a comunidade local.
Em João Monlevade, a memória deve ser encarada sob esse viés: é um dos muitos aspectos que compõem a cultura municipal. Tanto que há, na cidade, um memorialismo, inclusive, bastante recente. Acontecimentos de apenas 20,25 anos atrás são vistos como elementos importantes da cidade. Exemplo? As fanfarras das escolas que abrilhantavam o Desfile de 7 de Setembro nas décadas de 70 e 80.
Por muito tempo, ficou um lacuna neste sentido, com a extinção das fanfarras da Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras, da Escola Estadual Louis Prisco de Braga e Escola Municipal Israel Pinheiro (Emip), entre outras. Muita gente sentiu o fim dessa atividade cultural e lamentava o vazio que ficava na avenida, quando as referidas escolas passavam. Saudosos dessa lacuna, professores empenharam-se para reerguer as fanfarras e, salvo engano, esse ano a Geraldo Parreiras deve desfilar na avenida com a sua.
Outro exemplo de que a memória é um aspecto importante da cultura local é a luta pela manutenção e ressurreição do Floresta Clube Henry Meyers (antigo Clube de Caça e Pesca). O referido clube quase foi extinto, coberto de dívidas e com sérios problemas estruturais, entre outros. Mas, em nome da lembrança do que ele foi um dia e pela representação que ele ocupa na memória do povo monlevadense, meio que através de um milagre, a chama da esperança de manter o Floresta Clube de pé nunca se apagou. Bingos, campanhas promocionais, atividades para recuperar associados, reformas nas casas da lagoa, feijoadas às quintas-feiras, entre outras ações trouxeram alento ao Clube que ainda resiste. No entanto, o que nunca o deixou cair, efetivamente, foi a saudade do passado ali vivido. E, em função disso, a vontade de não deixar que o espaço se acabe.
A memória do monlevadense é uma poderosa força e deve ser preservada, respeitada e trabalhada nas escolas. É preciso reconhecer que, sem ela, a cidade seria muito diferente do que é hoje. Não cabe julgar se estaria melhor ou pior. Mas, sem esse importante elemento cultural, certamente, João Monlevade não seria a mesma.

Memória VII – Circuito Histórico


O Circuito Histórico, elaborado e mantido pela ArcellorMital Monlevade é uma das principais referências à passagem de Jean Antoine Felix Dissandes de Monlevade nestas terras. E, é também, uma homenagem feita pela empresa ao empenho e empreendedorismo do pioneiro francês que chegou ao Brasil em 1817.
Compõem o roteiro: o Solar Monlevade, o Museu do Ferro e Aço, o Cemitério dos escravos e o Hotel Cassino. Cada um desses locais possui uma importância histórica e significativa para a memória monlevadense. O Solar dispensa apresentações. É a primeira construção do município, que serviu de moradia para Jean Félix Dissandes de Monlevade e sua família. O museu, que fica ao lado do Solar, abriga a replica da Forja Catalã, usada pelo francês para fundição do ferro, demais ferramentas e utensílios utilizados na fábrica que é o berço do progresso da região.
O Cemitério dos escravos que também abriga os restos mortais de Monlevade, de sua esposa Clara Coutinho, do engenheiro Louis Ensch, entre outros, é uma das principais características da visão progressista de Jean de Monlevade: numa época em que escravos eram atirados em valas rasas, ele constrói um cemitério para os seus. Inclusive, sendo enterrado junto deles. Por fim, o Hotel Cassino, que abrigou hóspedes e engenheiros ilustres que vieram trabalhar na implantação da Usina e hoje foi transformado em Centro de Cultura e Memória da Arcellor.
Fora o Hotel, construído nos anos 30, os outros elementos fazem uma referência ao passado centenário da cidade. Talvez sejam as únicas marcas para legitimar que essas terras possuem quase duzentos anos e são um marco na história da siderurgia nacional. Cada um deles tem uma trajetória importante e, portanto, são patrimônios municipais que devem ser respeitados como tal.
Em 2005, durante as comemorações dos 70 anos da Usina de Monlevade, a Arcellor, através de seu gerente geral da época, Gerson Menezes, decidiu investir nesse olhar memorialístico, como num mergulho de volta ás origens para chegar ao progresso. Isso porque a memória ilumina novos caminhos e, de fato, contribui para se entender o passado, para aceitar o presente e receber o futuro. Com a duplicação da capacidade de produção que se inicia, faz-se ainda mais necessário analisar essas referências no contexto do desenvolvimento: somos ou não somos uma cidade que foi projetada para o desenvolvimento? Reflitamos.

Memória VI – Projeto Memória


O Projeto Memória, realizado durante alguns anos em Monlevade, sob gerência da Agência do Desenvolvimento de João Monlevade (Ademon) e financiado pela ArcelorMitall foi um passo importante para a preservação da memória do município. A proposta do projeto é arquivar fotos antigas, jornais e demais publicações do passado, além de produzir e também preservar vídeos com depoimentos de pessoas da comunidade que têm alguma história para contar sobre a cidade antiga. No entanto, não tenho noticias de sua continuidade.
O acervo constituído até então, salvo engano, está guardado nas dependências do Centro de Cultura e Memória da ArcellorMittal. Pelo que sei, o projeto memória reuniu muitas entrevistas e centenas de fotos. Essa proposta é uma das mais importantes para o registro do passado de Monlevade e que deveria estar disponível ao publico, como num Museu da Imagem e do Som.
Conhecer as experiências pessoais de perto é uma das formas mais interessantes de se resgatar e preservar a memória. Os relatos são, em si, uma forma de contribuição para o futuro, acerca do que foi o passado. E, Monlevade, tem isso de sobra. A força das autobiografias promove a projeção das memórias pessoais para o estabelecimento de uma memória coletiva. Isso, porque a narrativa pessoal de uma pessoa (por exemplo) projeta novas experiências, por meio da troca de informações memorialisticas
Como bem ressaltou o pensador francês Maurice Halbwachs, toda memória individual é também uma memória coletiva. Neste sentido, a recuperação de relatos de moradores antigos de Monlevade contribui para a formação de uma grande memória da cidade, unindo relatos e possibilitando assim, a criação de documentos históricos e de referências para a concepção de um projeto identitário para o município.
Nossa história recente está relacionada a esse passado que ainda não passou. É importante entender que João Monlevade tem um saudosismo presente e que este ainda é referencia para muitos de seus cidadãos. Ajudar a preservar esse material rico em historia, em personagens que ajudaram a construir essa cidade é um dever de todos. Seria muito penoso também deixar isso se perder.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Memória VI – Projeto Memória

O Projeto Memória, realizado durante alguns anos em Monlevade, sob gerência da Agência do Desenvolvimento de João Monlevade (Ademon) e financiado pela ArcelorMitall foi um passo importante para a preservação da memória do município. A proposta do projeto é arquivar fotos antigas, jornais e demais publicações do passado, além de produzir e também preservar vídeos com depoimentos de pessoas da comunidade que têm alguma história para contar sobre a cidade antiga. No entanto, não tenho noticias de sua continuidade.
O acervo constituído até então, salvo engano, está guardado nas dependências do Centro de Cultura e Memória da ArcellorMittal. Pelo que sei, o projeto memória reuniu muitas entrevistas e centenas de fotos. Essa proposta é uma das mais importantes para o registro do passado de Monlevade e que deveria estar disponível ao publico, como num Museu da Imagem e do Som.
Conhecer as experiências pessoais de perto é uma das formas mais interessantes de se resgatar e preservar a memória. Os relatos são, em si, uma forma de contribuição para o futuro, acerca do que foi o passado. E, Monlevade, tem isso de sobra. A força das autobiografias promove a projeção das memórias pessoais para o estabelecimento de uma memória coletiva. Isso, porque a narrativa pessoal de uma pessoa (por exemplo) projeta novas experiências, por meio da troca de informações memorialisticas
Como bem ressaltou o pensador francês Maurice Halbwachs, toda memória individual é também uma memória coletiva. Neste sentido, a recuperação de relatos de moradores antigos de Monlevade contribui para a formação de uma grande memória da cidade, unindo relatos e possibilitando assim, a criação de documentos históricos e de referências para a concepção de um projeto identitário para o município.
Nossa história recente está relacionada a esse passado que ainda não passou. É importante entender que João Monlevade tem um saudosismo presente e que este ainda é referencia para muitos de seus cidadãos. Ajudar a preservar esse material rico em historia, em personagens que ajudaram a construir essa cidade é um dever de todos. Seria muito penoso também deixar isso se perder.