segunda-feira, 19 de julho de 2010

Memória VIII – A Memória como cultura


A memória é um dos elementos culturais mais importantes de um povo. Saber preservar sua origem, conhecer sua história e transmiti-la a gerações futuras são elementos estruturais para o desenvolvimento e para a soberania. Enquanto patrimônio cultural, a memória reforça as bases do pensamento coletivo e torna-se referência para a comunidade local.
Em João Monlevade, a memória deve ser encarada sob esse viés: é um dos muitos aspectos que compõem a cultura municipal. Tanto que há, na cidade, um memorialismo, inclusive, bastante recente. Acontecimentos de apenas 20,25 anos atrás são vistos como elementos importantes da cidade. Exemplo? As fanfarras das escolas que abrilhantavam o Desfile de 7 de Setembro nas décadas de 70 e 80.
Por muito tempo, ficou um lacuna neste sentido, com a extinção das fanfarras da Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras, da Escola Estadual Louis Prisco de Braga e Escola Municipal Israel Pinheiro (Emip), entre outras. Muita gente sentiu o fim dessa atividade cultural e lamentava o vazio que ficava na avenida, quando as referidas escolas passavam. Saudosos dessa lacuna, professores empenharam-se para reerguer as fanfarras e, salvo engano, esse ano a Geraldo Parreiras deve desfilar na avenida com a sua.
Outro exemplo de que a memória é um aspecto importante da cultura local é a luta pela manutenção e ressurreição do Floresta Clube Henry Meyers (antigo Clube de Caça e Pesca). O referido clube quase foi extinto, coberto de dívidas e com sérios problemas estruturais, entre outros. Mas, em nome da lembrança do que ele foi um dia e pela representação que ele ocupa na memória do povo monlevadense, meio que através de um milagre, a chama da esperança de manter o Floresta Clube de pé nunca se apagou. Bingos, campanhas promocionais, atividades para recuperar associados, reformas nas casas da lagoa, feijoadas às quintas-feiras, entre outras ações trouxeram alento ao Clube que ainda resiste. No entanto, o que nunca o deixou cair, efetivamente, foi a saudade do passado ali vivido. E, em função disso, a vontade de não deixar que o espaço se acabe.
A memória do monlevadense é uma poderosa força e deve ser preservada, respeitada e trabalhada nas escolas. É preciso reconhecer que, sem ela, a cidade seria muito diferente do que é hoje. Não cabe julgar se estaria melhor ou pior. Mas, sem esse importante elemento cultural, certamente, João Monlevade não seria a mesma.

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