A velha máxima de que os opostos se atraem não faz mais sentido. É que por mais que contestemos ou relutemos em acreditar, o amor torna os amantes mais parecidos. Mas isso não acontece da noite para o dia e, muito menos, de uma hora para outra. Demanda tempo...
O amor quando chega deixa os seres amados interessados pelas coisas do outro. Não falo de curiosidade vã, sobre esse ou aquele nome gravado na agenda do celular, por exemplo. Essa curiosidade fica para os namorados novos, que ainda não entendem que o amor é bem mais e maior que isso.
O interesse acaba revelado nas pequenas coisas: lemos o livro que o outro leu há pouco, começamos a nos tornar íntimos de assuntos que, para nós, não fazia muito sentido antes. Aprendemos com outros e novos pontos de vista.
De repente, vamos ficando mais próximos do ser amado, e passamos a entender mais dele até mais do que a nós mesmos. O amor é assim e tem dessas coisas todas. Uma espécie de troca amorosa acontece o tempo todo, mesmo que ainda não percebamos.
Aprendemos um do outro, misturamos nossas preferências, nossos círculos de amizade, nossos gestos. Vamos nos tornando únicos, pouco a pouco, quando o amor acontece.
Nessa troca de afinidades, a relação vai se fortificando e os dois seres amados se iluminam com as luzes do outro, como se para isso fossem feitos. Como se, para isso, fossem nascidos. Quando amor chega a esse estágio grandioso, não há mais o que fazer, senão vencer essa vontade constante de estar perto, esse querer bem absoluto, que não pretende diminuir a chama tão cedo.
A união faz com que tudo fique ainda mais parecido. As roupas no armário trocam de cheiros, os pratos na cozinha terão sempre os mesmos sabores. Os livros e os CDS da estante se confundem, não sendo mais apenas de um. E a cama, o colchão de amar e de descansar depois do amor, ficam marcados pelo peso de dois corpos feitos num só.
Assim, as coisas materiais refletem o estado de espírito de ambos. Juntos, agora mais do nunca, vão viver uma vida em comum. Sendo de tudo, e para tudo, fortificados pelo amor que se consagra hoje, embora já existente há tempos. Por isso, hoje é a composição de um novo dia e tem as asas de tudo o que será amanhã, até sempre…