Para as mulheres, G. era um gordinho simpático e sexy. Mas para os amigos mais íntimos o apelido dele era rolha de poço ou tampão do mar. Estava um pouco acima do peso, é verdade. Aliás, ele sempre esteve acima do peso. Desde a infância, para ser mais exato. Tinha nascido magrinho, mas de tanto tomar fortificantes, emulsões, mingaus de aveia e muita banana caturra, acabou engordando. Tanto, que aos 15 anos pesava 120 kg.
Mas esse não era o problema dele. G. era um professor de sucesso e, aos 50 anos de idade já era titular da cadeira de Literatura Brasileira Século XIX. Entendia tudo de Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Alencar, além é claro de Flaubert, Eça de Queiroz, Balzac e outros tantos. Era um sujeito de sucesso, reconhecido no meio acadêmico e causava inveja em todos os seus colegas de departamento. Inclusive os casados.
O motivo? Apesar dos seus absurdos 175 kg, G. fazia muito sucesso com as mulheres. E era exatamente esse o seu principal problema, por mais contraditório que isso possa parecer. As alunas suspiravam no curso sobre narrativa machadiana que ele ministrava, na rua, ele era sempre alvo de alguma paquera. E isso o deixava profundamente irritado.
No início, G. gostava. Saía com muitas mulheres: para cada noite da semana tinha uma companhia diferente. De sexta a domingo, ele tinha que rebolar para dar conta do recado. Ás vezes, se encontrava com uma de tarde e outra à noite. No domingo, almoçava com uma e jantava com outra. Vivia namorando e para namorar.
Só que ele se cansou disso e começou a não gostar.
Outro dia, no café em frente à Faculdade Letras, conversava com um amigo sobre isso. Achava esquisito, porque ele não era nenhum Brad Pitt para ser tão desejado. É verdade que julgava ter um certo charme e até tinha. Mas nada que fizesse mocinhas de 20 anos perderem o sono por sua causa.
Certa vez, ele ficou irritadíssimo com uma garota que se derretia por ele. Ela o abordou na rua e, de frente para um outdorr que trazia a imagem do Malvino Salvador sem camisa, exibindo seus gominhos abdominais, disse: “Prefiro os seus pneuzinhos de caminhão a dormir com alguém com uma barriga tão sarada quanto aquela”. G. quis sair correndo depois de ouvir isso.
Ele tinha a certeza de que algo estava errado. Não era normal aquela situação, aquele frisson todo por sua redonda figura. G. procurou uma cartomante. Nas cartas, a mulher viu que o destino dele estava traçado: era um sedutor, um predestinado a conquistar os corações femininos, mas aquilo tudo ia passar, bastava emagrecer.
Então, G. saiu radiante da casa da vidente e decidiu fazer uma dieta. Iria começar no dia seguinte. Comprou pães integrais, iogurtes, chá verde e frutas. Cortou a janta e o chopinho com o amigos no fim de semana. Enquanto não emagrecia, a mulherada não saiu do seu pé. Um dia, uma loura estonteante, com as medidas de uma atriz pornô, disse que queria fazer amor com ele a qualquer custo. G. não entendeu porque já tinha emagrecido vinte quilos e a profecia não se concretizara.
Naquela noite quente de sexta-feira, depois de duas garrafas de frizante e ainda depois de transarem duas vezes, a mulher pediu que ele falasse de Memorial de Aires, último livro de Machado de Assis. Ele pasmou: “Falar do Conselheiro Aires agora?”. E ela: “Claro”. E ele não acreditou no que ouvia.
No dia seguinte, G. desistiu da dieta. Voltou a comer como um paquiderme e não sentiu culpa. Mas, inexplicavelmente, suas medidas não aumentaram como previsto. G. continuou emagrecendo, como um balão de ar furado. E, em menos de quinze dias, estava irreconhecível. Oitenta quilos mais magro, sem precisar reduzir o estomago ou sofrer com a restrição de guloseimas, G. estava mais feliz do que nunca: desde esse dia, nenhuma mulher olhou para ele, seus amigos não mais o invejaram mais e apenas os mais interessados passaram a assistir a suas aulas. Estava tudo normal agora.
Mas esse não era o problema dele. G. era um professor de sucesso e, aos 50 anos de idade já era titular da cadeira de Literatura Brasileira Século XIX. Entendia tudo de Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Alencar, além é claro de Flaubert, Eça de Queiroz, Balzac e outros tantos. Era um sujeito de sucesso, reconhecido no meio acadêmico e causava inveja em todos os seus colegas de departamento. Inclusive os casados.
O motivo? Apesar dos seus absurdos 175 kg, G. fazia muito sucesso com as mulheres. E era exatamente esse o seu principal problema, por mais contraditório que isso possa parecer. As alunas suspiravam no curso sobre narrativa machadiana que ele ministrava, na rua, ele era sempre alvo de alguma paquera. E isso o deixava profundamente irritado.
No início, G. gostava. Saía com muitas mulheres: para cada noite da semana tinha uma companhia diferente. De sexta a domingo, ele tinha que rebolar para dar conta do recado. Ás vezes, se encontrava com uma de tarde e outra à noite. No domingo, almoçava com uma e jantava com outra. Vivia namorando e para namorar.
Só que ele se cansou disso e começou a não gostar.
Outro dia, no café em frente à Faculdade Letras, conversava com um amigo sobre isso. Achava esquisito, porque ele não era nenhum Brad Pitt para ser tão desejado. É verdade que julgava ter um certo charme e até tinha. Mas nada que fizesse mocinhas de 20 anos perderem o sono por sua causa.
Certa vez, ele ficou irritadíssimo com uma garota que se derretia por ele. Ela o abordou na rua e, de frente para um outdorr que trazia a imagem do Malvino Salvador sem camisa, exibindo seus gominhos abdominais, disse: “Prefiro os seus pneuzinhos de caminhão a dormir com alguém com uma barriga tão sarada quanto aquela”. G. quis sair correndo depois de ouvir isso.
Ele tinha a certeza de que algo estava errado. Não era normal aquela situação, aquele frisson todo por sua redonda figura. G. procurou uma cartomante. Nas cartas, a mulher viu que o destino dele estava traçado: era um sedutor, um predestinado a conquistar os corações femininos, mas aquilo tudo ia passar, bastava emagrecer.
Então, G. saiu radiante da casa da vidente e decidiu fazer uma dieta. Iria começar no dia seguinte. Comprou pães integrais, iogurtes, chá verde e frutas. Cortou a janta e o chopinho com o amigos no fim de semana. Enquanto não emagrecia, a mulherada não saiu do seu pé. Um dia, uma loura estonteante, com as medidas de uma atriz pornô, disse que queria fazer amor com ele a qualquer custo. G. não entendeu porque já tinha emagrecido vinte quilos e a profecia não se concretizara.
Naquela noite quente de sexta-feira, depois de duas garrafas de frizante e ainda depois de transarem duas vezes, a mulher pediu que ele falasse de Memorial de Aires, último livro de Machado de Assis. Ele pasmou: “Falar do Conselheiro Aires agora?”. E ela: “Claro”. E ele não acreditou no que ouvia.
No dia seguinte, G. desistiu da dieta. Voltou a comer como um paquiderme e não sentiu culpa. Mas, inexplicavelmente, suas medidas não aumentaram como previsto. G. continuou emagrecendo, como um balão de ar furado. E, em menos de quinze dias, estava irreconhecível. Oitenta quilos mais magro, sem precisar reduzir o estomago ou sofrer com a restrição de guloseimas, G. estava mais feliz do que nunca: desde esse dia, nenhuma mulher olhou para ele, seus amigos não mais o invejaram mais e apenas os mais interessados passaram a assistir a suas aulas. Estava tudo normal agora.
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