Fim de ano é assim mesmo. Todo mundo feliz e esperançoso com tempos melhores e de paz... Todo mundo sai às ruas, naquele pós-chuva de fim de tarde, olha as vitrines e aponta para as decorações mais interessantes. Nem sempre se quer comprar alguma coisa, é verdade, mas pinta aquela vontade de ter grana o suficiente para comprar tudo aquilo o que se vê.
Ah, o fim de ano! Suas cores carregadas de brilho, seus dias longos e noites sufocantes, despertam a magia de que algo bom está por vir no ar. Dá uma sensação de que um ciclo está se fechando e que algo novo e especial está despontando no horizonte. Fim de ano é sempre cheio de expectativas.
As cozinhas ficam mais entusiasmadas. Surgem à mesa, aqueles cadernos de receitas com a capa desbotada pelos pés dos anos e os cheiros de rabanadas, doces em calda de figo, de laranja, de cidra ou mamão saem pelas janelas e compõem uma sinfonia com os demais perfumes típicos dessa época: pernis e perus assando nos fornos, o churrasco no terreiro e os cheiros de limpeza que emana das casas.
Falando nisso, todas as casas no fim de ano mudam um pouco a sua personalidade. Ficam iluminadas de todas as formas e as lâmpadazinhas tomam conta da cidade, revelando os sonhos que se guardam dentro dos moradores. E isso é muito legal. Independente da casa, se solene, ou se despojada, se pequenina ou mansão, se no morro ou no bairro nobre, toda casa brilha no fim de ano.
Fim de ano não é um período, mas quase um estado de espírito. Aliás, essa é uma frase típica de se ouvir no fim de ano... As pessoas ficam mais espiritualizadas, fica todo mundo falando de prosperidade, luz, sorte e mandando energias positivas, repletas de sentimentalidades.
Ma o que fica disso tudo é a sensação constante de que o fim de ano é uma dádiva. Ele é a representação de que é preciso terminar para começar de novo, mostra que a vida continua, mas que é preciso querer mais, sem se esquecer do que se passou. Assim, e só assim, talvez continuaremos aprendendo. Sempre e sempre.
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