terça-feira, 12 de maio de 2009

Show certo no lugar errado


Foto: Sérgio Henrique/ ACOM PMJM


O que dizer da apresentação do músico Flávio Venturini no Parque do Areão como parte integrante das comemorações do aniversário de João Monlevade ? A resposta está no título logo acima: a organização acertou na escolha do show, mas errou feio no local de sua realização.

A tentativa de explicação é a seguinte: Infelizmente, a grande massa popular de nossa cidade não está preparada para eventos do gênero. Numa linguagem mais chula, escolher Flávio Venturini para show gratuito, no parque do Areão, foi um vacilo tremendo.

O artista que é um dos mais renomados cantores de Minas Gerais e do Brasil, que já teve canções gravadas por outros nomes grandiosos da MPB, além de ser autor de trilhas de sucesso em novelas e mini-séries, ficou deslocado na imensidão do Parque do Areão, na madrugada fria do dia 2 de maio.

Com relação à apresentação, não há do que reclamar. Som, iluminação, repertório perfeitos. Um dos problemas foi o horário. Previsto inicialmente para 00h30 (o que já é tarde), o cantor subiu ao palco com cerca de uma hora de atraso. Pelo menos, antes da atração principal, houve shows dos ótimos pratas da casa, Cláudiney Godoy e João Roberto e Ronivaldo. Mas não há fã que agüente ficar em pé, na neblina e no frio, além de respirar a poeira do parque.

O que também decepcionou, sem dúvida, foi parte do público presente. Salvo os pouco mais de 300 fãs do artista, que formavam um “bolinho de gente” na frente do palco, o restante não estava nem aí para a música de Venturini, numa tremenda falta de respeito para com o músico e com os demais ouvintes.

Em determinado momento em que ficou só no palco, acompanhado apenas do piano, era notável a decepção do convidado, já que pouca gente ouvia seus solfejos e os versos iluminados de canções como “Criaturas da Noite”, “Minha Estrela”, “Pensando em Você”, entre outras. Mesmo assim, o artista cantou por cerca de duas horas e terminou com clássicos do seu antigo grupo, o 14 Bis. Aliás, ninguém também pediu bis porque já passava das 3h da manhã.

Como disse no título, a escolha do lugar não foi uma boa idéia para receber um cantor de pouco apelo popular, mas que agrada os bons ouvintes da MPB. Esses até pagariam para assistir ao show num confortável teatro, longe do frio, da neblina e da terra preta do parque do Areão.

Se a intenção era fazer um show na rua, talvez até a Praça do Povo, que recebeu melhorias da atual administração comportaria bem melhor o público do artista. Bastava alugar umas 400 cadeiras e desviar o trânsito, já iniciando o projeto “Linha Azul”, a exemplo do que fazia a administração petista quando promovia shows na Praça do Povo. Valeu a intenção do diretor da Fundação Casa de Cultura, Luciano Roza e do prefeito Gustavo Prandini. A torcida é a de que eles acertem da próxima vez.


PS: Esta crônica foi publicada na coluna Emporium, da última sexta, dia 8. Depois, fui informado que o Luciano Roza não foi o idealizador do show de Flávio Venturini. Então, fica aqui o nosso registro.

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